Meritamun: o mistério da ‘múmia que grita’ encontrada no Egito

SoCientífica
Imagem: Museu do Egito

Uma múmia incomum de uma mulher egípcia passou por uma tomografia computadorizada (TC). De acordo com os resultados obtidos pelo exame, a vítima teria sofrido com uma dor bastante intensa, dado ao modo que o seu corpo foi conservado.

A mulher media 1,51 centímetros de altura, e as imagens divulgadas podem ser um pouco assustadoras – com a boca aberta, como se estivesse clamando por ajuda. No entanto, os pesquisadores ainda não sabem o motivo exato que levaram as pessoas a não modificarem sua expressão durante a mumificação.

Desmistificando o mistério da múmia que grita

De acordo com o Live Science, a tomografia revelou aterosclerose generalizada, depósitos de placas de gordura dentro dos vasos sanguíneos. Os egiptólogos argumentam que a mulher morreu sozinha de um ataque cardíaco fulminante, momento em que o rigor mortis se instalou. Sua mandíbula, que pode ter caído na morte, ficou congelada para sempre.

processo de mumificação
Na tomografia computadorizada, ficou perceptível que o processo de mumificação foi feito cuidadosamente. Imagem: Zahi Hawass/Sahar Saleem

Como o corpo inteiro ficou rígido devido aos procedimentos bioquímicos que sucederam após a sua morte, o mistério da múmia que grita e sua aparência podem ser resolvidos com exames mais profundos. Durante o grito ocasionado pela dor, sua boca ficou aberta e não teve como coloca-la novamente em seu lugar, por causa do enrijecimento.

Afinal, é apenas uma história ou algo verídico?

Um antropólogo da Universidade McMaster, Andrew Wade, concedeu uma entrevista especial para o GizModo. Segundo ele, “é muito mais provável que os invólucros ao redor da mandíbula simplesmente não fossem apertados o suficiente para manter a boca fechada, pois ela tende a cair em uma posição aberta se deixada por conta própria”.

Mesmo com os exames indicando inúmeras placas de gorduras espalhadas pelo corpo da mulher, alguns cientistas estão bastante céticos sobre essa possível conclusão. Essas dúvidas foram geradas após um aprofundamento sobre rigor mortis. De acordo com a literatura, esse é um estágio temporário, onde o corpo volta ao normal horas após a morte.

a múmia que grita
A múmia que grita: corpo é encontrado durante uma expedição no Egito e torna-se um mistério. Imagem: Zahi Hawass/Sahar Saleem

O palpite de Zahi Hawass, um egiptólogo integrante do grupo de pesquisadores, é que algo de muito ruim pode ter acontecido com a múmia. Se a mumificação tivesse começado no mesmo dia da morte, o corpo deveria ter sido colocado no lugar.

Para Hawass, “A mumificação era tão padronizada e ritualizada que tinha que haver uma razão para que os embalsamadores não a endireitassem e a colocassem na posição supina habitual – principalmente porque eles aparentemente a estavam tratando bem em preparação para a vida após a morte”.

Mesmo com a tecnologia atual à disposição, os pesquisadores envolvidos ainda não conseguiram encontrar um motivo plausível para resolver o mistério da múmia que grita. E o fato dela ter sido mumificada de maneira tão assustadora só aumenta o mistério.

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