Steinernema Adamsi, a nova espécie de minhoca que pode acabar com os pesticidas

Leandro da Silva Monteiro
Agricultor aplicando pesticidas numa plantação. Imagem: Pixabay.

A produção de alimentos saudáveis e em largas quantidades é um dos grandes desafios da agricultura moderna. Principalmente hoje com a preocupação com o uso de pesticidas que podem prejudicar a qualidade de vida uma vez que estudos já demonstram uma relação entre agrotóxicos e aumento de determinadas doenças. Brasileiros já até chegaram a desenvolver um senso biodegradável para detectar a presença de pesticidas. E agora com a descoberta da Steinernema Adamsi promete ajudar no avanço da agricultura mundial substituindo os pesticidas.

A espécie em questão foi descoberta no distrito de Mueang Laphun na Tailândia. O que chama atenção dos cientistas na Steinernema Adamsi é o fato dessa minhoca matar os insetos nos locais em que vive. Por conta desse comportamento, a espécie mostra potencial para ser um substituto dos agrotóxicos utilizados para o controle de pestes em plantações pelo mundo. Isso beneficiaria bastante o Brasil, pois ele se encontra entre os países que mais utilizam pesticidas.

A descoberta foi feita num estudo publicado recentemente na revista The Journal of Parasitology. Ele contou com a participação de pesquisadores tailandeses e americanos que descreveram a Steinernema Adamsi como um pequeno nematoide entomopatogênico. O nome assusta um pouco, mas nematóides referem-se a todos os vermes do filo Nematoda que são muito comuns no planeta, parasitando tanto animais e planos em ambientes marinhos, de água doce e terrestres.

Sobre Steinernema Adamsi

Steinernema Adamsi
Fotos microscópicas da Steinernema Adamsi. Imagem: The Journal of Parasitology

Minhocas sempre foram conhecidas pela ciência por trazerem benefícios tanto medicinais quanto nutricionais para a humanidade. Por outro lado, vermes parasitas no geral eram considerados como malefícios e por isso precisavam ser exterminados. Contudo, a descoberta da Steinernema Adamsi desafia essa percepção e mostra que o verme pode trazer um grande benefício na agricultura.

O artigo citado acima descreve todo o processo de descoberta da nova espécie de minhoca e também mostra como os cientistas foram capazes de colocá-la num estado de criopreservação. Para encontrar a Steinernema Adamsi precisaram aplicar técnicas de pesca e fazer uma análise dos traços morfológicos e das suas características físicas para determinar se era uma nova espécie. 

Também encontram dentro do nematoide uma bactéria simbiótica que demonstra potencial para fazer um controle biológico eficaz. Porém mais estudos precisam ser conduzidos para se averiguar essa teoria.

Como a Steinernema Adamsi poderá substituir os pesticidas

Uma das características dos nematóides é que eles podem infectar e matar insetos e pragas que vivem principalmente no solo. Ao entrar no corpo de um inseto, a Steinernema Adamsi expele bactérias patogênicas que são letais para os seus hospedeiros. Em média, eles morrem num espaço de 48 horas após serem infectados. Além disso, depois de morto, os pesquisadores notaram que os hospedeiros sofrem um processo de liquefação por conta das bactérias do verme.

Os cientistas destacam que ainda não analisaram os possíveis impactos que a minhoca pode causar se consumidas por humanos. Os motivos que levam os pesquisadores a crer no potencial do nematoide é a sua relação simbiótica com as bactérias encontradas no seu corpo, Xenorhabdus e Photorhabdus. Com isso, eles esperam serem capazes de substituir os pesticidas químicos que ainda utilizam-se em massa para o combate de pestes e são prejudiciais tanto para o meio ambiente quanto para à saúde das pessoas.

Por fim, vale ressaltar que a Steinernema Adamsi não é a única espécie sondada para o uso na agricultura. Na Universidade Estadual de Oklahoma, nos Estados Unidos, outros pesquisadores encontraram um verme chamado de crina-de-cavalo, Nematomorpha, que também é capaz de matar pragas como baratas, grilos, gafanhotos e centopeias. Portanto é possível que no futuro agricultores possam ser capazes de utilizar diversas alternativas naturais em vez de pesticidas para melhorar a produção nas suas plantações sem uso de agrotóxicos.

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