Empresa recebe financiamento para trazer de volta os dodôs

Mateus Marchetto
Imagem: Colossal Biosciences

Diversos grupos de cientistas estão de olho na possibilidade de trazer animais extintos de volta à vida. Depois dos planos de trazer de volta um mamute, agora pesquisadores buscam ressuscitar os dodôs – uma ave endêmica que se extinguiu rapidamente há mais de 300 anos.

Financiada por diversas empresas estatais e privadas dos Estados Unidos, a empresa Colossal Biosciences acaba de receber um financiamento de 150 milhões de dólares. O valor é destinado à pesquisa de de-extinção de animais, um dos quais será o dodô. Além da ave, a empresa também colocou outra duas espécies em seu planejamento de de-extinção: os mamutes e os tigres-da-tasmânia (tilacinos).

Os dodôs foram parentes dos pombos que viveram exclusivamente na Ilha Maurício, ao leste de Madagascar. Menos de 100 anos após a chegada de invasores europeus, a espécie foi extinta, no ano de 1681. Um dodô era, grosso modo, parecido com uma galinha, podendo pesar até 23kg. A ave não voava, provavelmente pela ausência de predadores naturais na ilha – o que a tornou muito mais vulnerável a caçadores.

1011px Dronte dodo Raphus cucullatus
Imagem: Jebulon/Own work

Uma das fontes do financiamento recebido pela Colossal Biosciences, vale comentar, é a CIA (Central Intelligence Agency), agência de inteligência dos Estados Unidos. Por esse motivo, a CIA poderá ter representantes na diretoria da Colossal Biosciences.

Por que reviver os dodôs?

Em 2015, o genoma dos mamutes foi sequenciado. Em 2016, foi a vez dos dodôs e em 2018, dos tigres-da-tasmânia. A partir destes genomas, a empresa busca reconstruir células artificiais de cada uma das espécies e incubar um zigoto artificial em uma “barriga-de-aluguel” de uma espécie semelhante.

No caso dos mamutes, por exemplo, o genoma pode ser inserido em um óvulo de elefante sem o material genético. Esse óvulo será então se desenvolverá com o material genético de um mamute. Contudo, a Colossal afirmou que usará úteros artificiais para desenvolver os zigotos, já que os elefantes são espécies altamente ameaçadas.

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Imagem: BazzaDaRambler/Oxford University Museum of Natural History

Assim como o projeto do Parque do Pleistoceno, a Colossal Biosciences não busca apenas reviver os animais extintos, mas também reintegrá-los nos ecossistemas modernos. No caso do mamute, estima-se que o animal possa reestabelecer o congelamento do solo na Sibéria, o que reduziria a emissão de carbono para atmosfera (confira aqui).

No caso do dodô e do tigre-da-tasmânia, ambas espécies foram extintas devido à atividade humana em tempos recentes. Ainda há debates sobre a responsabilidade humana na extinção dos mamutes, que ocorreu há 4.000 anos. Os tigres-da-tasmânia, contudo, sumiram do planeta em 1936 devido à caça e atividade humana.

Tanto do dodô quanto o tilacino podem, de acordo com a Colossal, voltar a ocupar papéis importantes em seus ecossistemas nativos. Contudo, primeiro são necessários diversos estudos de impacto ecológico na região e no ecossistema em específico, os quais ainda não foram realizados em profundidade.

Nesse sentido, o co-fundador da empresa, George Church, afirma em um debate de 2019: “a questão é, estas espécies têm algo a nos oferecer?”. A fala sugere levemente uma perspectiva de lucratividade pela de-extinção, ao invés de uma preocupação ecológica de fato com as regiões da ilha de Maurício e da Austrália, lares dos dodôs e tilacinos, respectivamente.

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