Empresa investe US$ 15 milhões para trazer mamutes à vida novamente

Mateus Marchetto
Imagem: superemelka / Pixabay

Há pelo menos oito anos, pesquisadores têm em mente a ideia de trazer mamutes de volta à vida. O Parque do Pleistoceno, uma reserva natural na Sibéria, inclusive foi criado com esse propósito. Agora, contudo, pesquisadores tem 15 milhões de dólares para trazer a ideia à vida, literalmente.

O projeto de de-extinguir mamutes vem se desenvolvendo concomitantemente entre pesquisadores russos e americanos. O russo Sergey Zimov, por exemplo, foi o pioneiro na criação do Parque do Pleistoceno, citado acima, pesquisando ao longo de vários anos a ecologia do permafrost. Enquanto isso, os americanos ficaram encarregados da genética.

Agora o empresário Ben Lamm e o geneticista de Harvard, George Church, acabam de criar a empresa “Colossal”, que já recebeu 15 milhões de dólares da iniciativa privada para colocar mamutes novamente no planeta. Church, aliás, está em busca das técnicas e soluções para tanto há quase uma década.

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Imagem: Jens Hummelmose / Pixabay 

Como relatamos diversas vezes aqui no SoCientífica, pesquisadores frequentemente encontram animais pré-históricos como mamutes e rinocerontes altamente conservados no permafrost. Esses animais congelados possuem, ainda, quantidades significativas de seu material genético, preservado pelas baixas temperaturas.

O que os pesquisadores da Colossal farão, portanto, é inserir parte do material genético dos mamutes em células de elefantes asiáticos – que têm 99,6% de semelhança com seus parentes extintos.

Para fazer isso, os cientistas usarão uma célula de elefante com o núcleo retirado. Nessa célula será inserido o núcleo híbrido, contendo DNA de mamutes e elefantes. O animal que deve nascer, aliás, dentro de 6 anos, será na verdade um híbrido entre o elefante asiático e mamute, tendo pelos e camadas mais grossas de gordura para suportar os 40°C negativos do permafrost.

Cientistas já sabem como. Mas por que trazer os mamutes de volta?

Para entender esse esforço milionário, primeiramente é preciso relembrar o que é o permafrost. Como o nome indica, essa porção do solo no norte do planeta, abrangendo o Canadá e o norte da Europa e Ásia, fica permanentemente congelada. Ou pelo menos deveria ficar.

Acontece que o aquecimento global está derretendo o permafrost em ritmos alarmantes. O problema: esse solo possui quase dois trilhões de toneladas de carbono em gases do efeito estufa. Se o permafrost derreter, portanto, esse carbono todo irá parar na atmosfera.

Centenas de pesquisadores argumentam, por conseguinte, que os mamutes podem ajudar a mitigar esse problema. Acontece que na Era do Gelo, quando os mamutes ainda andavam por aí, o permafrost possuía longas pastagens. Os mamutes e grandes animais mantinham as pastagens sem árvores e em contato com a neve, o que mantinha o solo congelado.

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Imagem: Pawel Grzegorz / Pixabay 

Atualmente, contudo, a tundra do planeta está dominada por musgos e coníferas. Essa vegetação, então, evita o resfriamento do solo e aumenta o derretimento também. Por mais que pareça contra-intuitivo, portanto, derrubar árvores na tundra poderia manter todo o carbono preso no solo. E essa será a tarefa para as manadas de mamutes híbridos, se tudo sair como planejado para a Colossal.

Apesar disso, outras centenas de pesquisadores debatem acerca da ética e da eficiência do projeto todo. Os filhotes híbridos, por exemplo, não teriam mães e nasceriam de úteros artificiais, o que gera polêmica uma vez que elefantes são animais tão sociais.

Além do mais, pesquisadores afirmam que não sabemos exatamente o impacto de mamutes no ambiente hoje, e os resultados são imprevisíveis. No entanto, nenhuma argumentação pareceu fazer Church e Lamm pensarem em mudar de ideia.

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