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Planeta Terra

Terremoto mais profundo já registrado não deveria ter acontecido

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Em 2015, pesquisadores registraram um terremoto de magnitude 7,9 sob as Ilhas Bonin, ao sul do Japão. O curioso, todavia, é que este terremoto aconteceu a uma profundidade nunca antes registrada. Teoricamente, este tremor super profundo nem deveria ter acontecido.

750 km é em torno da distância entre São Paulo e Foz do Iguaçu. Essa medida também é a profundidade a que pesquisadores registraram este terremoto incomum. De acordo com a pesquisa, publicada no periódico Geophysical Research Letters, a maioria dos terremotos acontece apenas nos primeiros 100km de profundidade no planeta.

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Ou seja, a origem de praticamente todos os terremotos que sentimos é muito mais rasa do que este novo tremor. Cientistas precisaram, inclusive, de equipamentos extremamente sensíveis para detectar o evento. Esses equipamentos, segundo os autores, são os mais avançados até o momento com esse propósito.

Acontece que este terremoto teve origem no chamado manto inferior, a parte mais líquida e densa do manto da Terra, onde boa parte das rochas estão em estado líquido ou, ao menos, bastante flexível. Nessas condições, é muito difícil que rochas se quebrem abruptamente e formem terremotos. O mais provável é que elas se dobrem sob a pressão do movimento do manto.

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As rochas mais externas, por exemplo, do manto superior e da crosta são mais frias e rígidas e, portanto, acumulam quantidades incríveis de energia e podem, eventualmente, quebrar. Essa quebra libera uma pancada cheia de energia na terra, dando origem aos terremotos que conhecemos.

Assim, especialistas acreditam que condições muito específicas podem ter dado origem a esse evento tão raro a essa profundidade.

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Possíveis explicações para este terremoto

As Ilhas Bonin, em primeiro lugar, estão sob uma área de subducção da crosta. Isso porque uma parte da crosta oceânica – do Pacífico – está entrando embaixo de uma placa continental que vem do continente asiático.

Assim, uma das explicações possíveis para esse terremoto super profundo é que talvez os limites entre as camadas do planeta não sejam tão bem definidos nessa região quanto se pensava. Ou seja, devido a esse movimento de subducção, a profundidade de 750 km pode ter características ainda do manto superior.

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Ademais, a rocha mais fria e fragmentável da superfície pode estar influenciando na temperatura e pressão nessa profundidade, causando mais quebras de rochas do que seria esperado.

“É um lugar complicado, nós não sabemos exatamente onde é a divisão entre manto superior e inferior.”, afirma o especialista Heidi Houston, que não estava envolvido com a pesquisa, ao Live Science.

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Um mineral verde que compõe o manto do planeta também pode estar relacionado ao processo. A olivina passa por transições a estados de alta-pressão conforme prossegue para camadas mais profundas do planeta.

Contudo, os pesquisadores argumentam que as condições sob as Ilhas Bonin podem estar impedindo parte desta transição da olivina e fazendo com que o mineral chegue mais frio e sob menos pressão ao manto inferior. Isso, mais uma vez, poderia ocasionar quebras abruptas do material rochoso e, consequentemente, terremotos super profundos.

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A pesquisa está disponível no periódico Geophysical Research Letters.

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