Rochas suspensas podem ajudar na previsão de terremotos, diz pesquisa

Matheus Gouveia
(Créditos da Imagem: National Geographic Creative)

A ciência mostra que as rochas suspensas podem ser não apenas um atrativo paisagístico, mas um recurso útil para determinar o risco de terremotos em uma localidade.

O que as rochas suspensas escondem

Essas rochas, de fato, podem proporcionar espetáculos paisagísticos em diferentes posições e formas. Esse tipo de formação de rocha pode acontecer em certas situações. Pode ocorrer, por exemplo, quando rochas mais suaves sofrem erosão para deixar rochas mais rígidas restando, ou quando geleiras recuam e deixam pedras em posições não naturais.

Mas elas podem ter grande utilidade na ciência de previsão de terremotos. É o que mostra um novo estudo conduzido em Londres.

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Os geólogos estudaram essas rochas, e viram que elas nos dizem muito sobre abalos que já aconteceram no passado. Basta qualquer movimento forte para as rochas suspensas caírem.

Ao analisar essas formações, os pesquisadores puderam determinar o limite superior da intensidade do terremoto que ocorreu no passado, quando as estruturas rochosas foram formadas. Essa informação, então, é usada para reduzir a incerteza em até 49% nos modelos de risco de terremoto existentes.

A geóloga Anna Rood, do Imperial College London, deu mais explicações sobre essa metodologia.

“Essas rochas agem como sismômetros inversos, capturando a história sísmica regional (…) e informando o limite superior de terremotos anteriores (…). Com isso, fornecemos dados valiosos exclusivamente sobre as taxas de terremotos de grande magnitude.” – Anna Rood

Ou seja, essa abordagem pode ajudar os cientistas a descobrir quais áreas têm maior probabilidade de sofrer um grande terremoto.

Terremotos
Anna Rood em pé ao lado de uma rocha alta e esguia e precariamente equilibrada no sul da Califórnia. 
Amostras de datação por exposição de superfície cosmogênica foram coletadas para determinar sua idade, e um modelo 3D foi feito para determinar sua probabilidade de tombamento devido ao tremor do solo. 
(Anna Rood & Dylan Rood, Imperial College London)

Futuro na previsão de terremotos

A pesquisa envolveu duas etapas: primeiro, os pesquisadores calcularam a idade das rochas, contando o número de átomos de berílio raros dentro delas. Em seguida, os pesquisadores usaram simulações 3D para calcular o quanto as rochas poderiam suportar antes de cair. Eles descobriram que elas podem durar até duas vezes mais do que se acreditava.

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Com o método, os pesquisadores podem usar rochas suspensas em vários modelos de risco de terremotos. Esses modelos podem ajudar a determinar o risco de futuros terremotos em diversas áreas, como aquelas com construções importantes – represas e usinas nucleares, por exemplo.

Com a nova pesquisa, tem-se uma ideia melhor de quanto tempo essas rochas suspensas podem durar. Também se sabe, exatamente, quanto movimento é necessário para soltá-las. Assim, todas essas informações serão úteis para os modelos de risco.

O geólogo Dylan Rood, envolvido no estudo, afirmou que este poderá ser um grande avanço para a ciência da previsão de terremotos. Ele acredita que essa técnica têm o potencial de economizar custos com engenharia sísmica e que pode ser usada para testar e atualizar estimativas de perigo de um local específico. Isso, portanto, poderá ser de grande utilidade para áreas com histórico de maior atividade sísmica.

A pesquisa foi publicada na AGU Advances.

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