Durante o período cambriano, cerca 500 milhões de anos atrás, a Terra passou por uma grande explosão de biodiversidade. Nesse período, quase pela primeira vez, aconteceu o surgimento da maioria dos ancestrais dos animais modernos. Dentre esses ancestrais, os vermes do pênis eram os caranguejos dos mares antigos.
Os vermes do pênis pertencem ao filo do reino animal Priapulida, em homenagem ao deus grego Priapus. Uma característica importante presente nas espécies desse filo, é a presença de um apêndice espinhoso.
Nesse sentido, atualmente, os descendente dessa linhagem vivem invisivelmente em tocas lamacentas no fundo do mar.
Porém, recentes fósseis do início do período cambriano, mostraram os vermes do pênis como flagelos amplamente distribuídos pelo mundo. Além disso, esses ancestrais possuíam artefatos para facilitar a alimentação. Por exemplo, a presença de boca extensível e alinhada com presas.
A descoberta dos vermes do pênis, os caranguejos dos mares antigos
Em recente publicação do Current Biology, pesquisadores identificaram quatro fósseis de priapulídeos aninhados em conchas em formas de cones.
Segundo os autores do artigo, os resultados indicam que vermes usavam as conchas como seus lares, assim como os caranguejos conhecidos nos dias atuais. Mas, essa conclusão só aconteceu porque todos os vermes encontrados estavam em posições muito semelhantes e no mesmo tipo de concha.
Assim, essa fato representa a primeira evidência da estratégia de vida “eremita”, quando há a adoção de um exoesqueleto de outro organismo para proteção e abrigo.
Ademais, o grupo encontrou esses quatro fósseis no sul da China em coleções dos depósitos de fósseis de Guanshan. Ainda, cabe ressaltar, a importância desses depósitos de fósseis na preservação de estruturas “duras” (como dentes e conchas), mas também, de partes moles.
Sendo que, no caso dos vermes do pênis, uma estrutura ainda mais “macia”, o encontro de registros dessa magnitude é ainda mais raro, difícil e complexo.
Segundo os pesquisadores, o fundo do verme ficava, provavelmente, espremido no fundo da concha, apenas com a boca pendendo para fora. Por isso, a afirmação que os vermos do pênis eram os caranguejos dos mares antigos.
Inclusive, a região fóssil continha dezenas de outras conchas vazias, mas sem nenhum outro priapulídeos aninhados. Portanto, essa evidência sugere que a conexão entre as espécies não foi acidental.
Os resultados dos achados fósseis
Segundo as conclusões do artigo, tudo indica que os vermes do pênis encaixavam-se perfeitamente nas bordas da concha. Esse fato fundamenta a hipótese de que os priapulídeos buscavam a outra espécie como fonte proteção contra predadores do período cambriano.
Em suma, esse comportamento nunca havia sido encontrado em vermes do pênis antes e nenhuma outra espécie antes da Era Mesozoica. Tendo isso vista, demais pesquisadores da área indicam que esse achado foi revolucionário para a ciência.
No fim, até mesmo um dos animais mais temíveis da antiguidade precisava fugir de predadores. Um fato possível, apenas, através de um metodologia complexa e logo após a explosão de biodiversidade do período cambriano.
