Em novembro de 2021, pesquisadores em uma expedição científica descobriram um recife de corais altamente raro. O conjunto de estruturas está em ótima saúde e habita uma profundidade incomum para os recifes de coral.
Enquanto a maioria dos recifes de corais não passa dos 25 metros de profundidade, a nova estrutura encontrada no Taiti varia entre 35 e 70 metros de profundidade. Ademais, o recife de corais tem aproximadamente 3 quilômetros de extensão e até 70 metros de largura em algumas regiões.
De acordo com especialistas, o recife de corais está em boa condição de saúde e provavelmente não sofreu por eventos recentes de branqueamento. Esse último, vale comentar, é o processo pelo qual os corais perdem suas algas simbióticas – como veremos à frente – devido à acidificação do oceano.
Os eventos mais recentes de branqueamento, aliás, aconteceram em 2017 (que na verdade teve início em 2014) e 2019. Contudo, o novo recife não sofreu os efeitos desse fenômeno global, provavelmente pela profundidade a que se encontra.
A partir dos 30 metros de profundidade, a incidência de luz é muito mais escassa do que a profundidades mais rasas. Isso, por conseguinte, dificulta a sobrevivência de organismos fotossintéticos, como as algas que são essenciais para os corais.
No entanto, a profundidade incomum também parece ter protegido o recife de corais dos últimos eventos de branqueamento.
O que é um recife de corais e como acontece o branqueamento?
Um coral, primeiramente, é um animal cnidário aparentado das águas-vivas e anêmonas. Estes animais são fixos a um substrato oceânico e existem aproximadamente 6.000 espécies conhecidas de corais. Um recife de corais, portanto, é uma estrutura onde diversos corais crescem juntos, também associados a dezenas de outros organismos.
No novo recife do Taiti, por exemplo, a espécie de coral Porites rus domina o espaço entre 35 e 45 metros de profundidade. Passando disso, a espécie Pachyseris speciosa começa a ocupar mais espaço e acaba sendo a dominante a aproximadamente 50 metros de profundidade.
Acontece que os corais dependem de diversas espécies de algas que compõem uma relação simbiótica com esses animais. Ou seja, um organismo não sobrevive sem o outro. De um lado, as algas fornecem nutrientes advindos da fotossíntese, do outro os corais fornecem abrigo e proteção contra predadores.
Acontece que as algas dependem do equilíbrio da temperatura e acidez da água dos oceanos para sobreviverem. Além do aquecimento global, nesse sentido, o gás carbônico interage com a água do mar formando o ácido carbônico, o que diminui o pH da água, tornando-a mais ácida.
Quando as algas de um coral morrem o animal perde a coloração viva – que vem das algas – e fica branco, eventualmente morrendo. Daí o ‘branqueamento’ dos corais.