Coral gigante de 400 anos é o mais largo já descoberto na Grande Barreira de Corais

Jamille Rabelo

Um coral gigante de 10,4 metros de largura descoberto em uma parte remota da Grande Barreira de Corais da Austrália é o mais largo coral encontrado no sistema de recifes, assim como um dos mais antigos.

O coral em forma de cúpula foi avistado por mergulhadores ao largo da costa da Ilha Orpheus, no norte de Queensland, em março. Dessa forma, o coral recebeu o nome Muga dhambi, que significa “grande coral”, pelos povos tradicionais Manbarra da região.

Medindo 10 metros de largura e 5 metros de altura, Muga dhambi é o mais largo e o sexto mais alto coral documentado na Grande Barreira de Corais.

O coral pertence ao gênero Porites, encontrado habitualmente em recifes de todo o mundo e pode crescer em uma escala imensa de tamanho.

Mais largo e mais antigo coral da Grande Barreira de Corais

O maior coral conhecido do mundo é outro porito, também em forma de cúpula, na Samoa Americana. Com cerca de 22 metros de largura e 8 metros de altura, estima-se que tenha entre 420 e 652 anos de idade.

Assim, Muga dhambi é também muito antigo. Tem provavelmente entre 421 e 438 anos com base no seu tamanho e taxa de crescimento, segundo Adam Smith, que liderou um estudo sobre o coral.

Seções de tecido coralino podem morrer devido à exposição ao sol em marés baixas, ou água quente, sem matar toda a colônia, explica Smith.

Os pesquisadores encontraram “bandas de stress” de alta densidade registradas na estrutura do coral, evidentes desde 1877. Provavelmente apareceram em maior escala a partir do aquecimento global antropogênico.

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Divisão de espécies habitando Muga dhambi (Smith et al., Scientific Reports, 2021).

No entanto, a boa notícia é que Smith e colegas não encontraram sinais de doença ou branqueamento de corais em Muga dhambi. Por agora, este magnífico coral ainda está repleto de vida, com 70% habitada por corais vivos.

Corais em perigo

A Grande Barreira de Corais sofreu cerca de 100 eventos de branqueamento de coral e 80 grandes ciclones nos últimos quatro séculos. Isto sugere que Muga dhambi pode ter características genéticas que lhe permitam sobreviver a este tipo de adversidades.

“Este coral sobreviveu ao branqueamento do coral, espécies invasoras, ciclones, marés severamente baixas, e atividades humanas durante quase 500 anos”.

Caso seja confirmado, o aproveitamento destes traços pode ajudar a salvar outros corais que estão em risco de serem dizimados pelas mudanças climáticas, diz Smith.

Grandes corais como Muga dhambi são cruciais para os ecossistemas de recife. Pois eles atuam como pontos centrais para a vida nos recifes, “é onde muitos peixes e outras criaturas se reúnem para se abrigar, descansar e alimentar”, diz Smith.

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