Cobras marinhas confundem mergulhadores com parceiros sexuais

Jamille Rabelo

Mergulhadores da Grande Barreira de Corais, na Austrália, relatam que cobras marinhas perseguem, mordem e até se enrolam neles, sem qualquer provocação feita.

As cobras marinhas são animais que podem chegar até 2 metros e que se reproduzem em terra mas passam a vida toda no mar. São muito venenosas, até mesmo mais que as terrestres. No entanto, essas mordidas relatadas não apresentam veneno.

Cortejo com os parceiros errados

Em um novo estudo publicado na Nature, foram realizadas 158 observações de cobra-marinha-oliva (Aipysurus laevis) na Grande Barreira de Corais. O estudo sugere que os ataques relatados são na verdade um cortejo para os parceiros sexuais errados.

Durante a observação, as serpentes aproximaram-se do pesquisador Dr. Lynch 47% do tempo que ele esteve mergulhando.

Estas interações eram mais comuns durante a época de acasalamento da serpente marinha, entre maio e agosto. Apenas 13 destas interações envolviam interações completas com o mergulhador. As cobras que “perseguiam” o mergulhador estão divididas quase igualmente por sexo, com sete machos e seis fêmeas que compunham o grupo.

Em relação aos machos, o “ataque” acontecia sempre na sequência deles perseguirem sem sucesso uma serpente marinha fêmea ou de terem uma disputa com um macho rival.

Em três ocasiões, as cobras marinhas machos foram vistas enrolando-se em torno de uma das barbatanas do Dr. Lynch. Este comportamento é normalmente observado durante os rituais de cortejo do animal.

Pesquisas anteriores sugerem que as serpentes marinhas podem ter dificuldade em distinguir diferentes formas debaixo de água. Dessa forma, quando um macho se perde de uma fêmea, ele pode avançar em direção a qualquer outro animal confundindo com sua parceira sexual.

Em contraste, as cobras marinhas fêmeas abordavam o Dr. Lynch aparentemente como um refúgio de parceiros sexuais indesejados.

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Amor incompreendido

“As serpentes são muitas vezes vistas como estes seres malévolos com intenção de causar dor, mas neste caso estão apenas à procura de amor”, diz o autor do estudo.

As descobertas oferecem informações práticas para mergulhadores que podem encontrar cobra-marinha-oliva ou mesmo outras espécies de cobras marinhas.

Fornecer uma explicação para o comportamento e instruções claras pode também ajudar os mergulhadores a anular um medo reflexivo de um animal potencialmente perigoso que se move rapidamente na sua direção.

“As cobras marinhas podem nadar mais depressa do que você, por isso é uma completa perda de tempo tentar nadar para longe”, diz Dr. Lynch.

O melhor é não tentar afastá-la ou bater nela, pois isso pode estressá-la. Basta dar a oportunidade de descobrir que você não é um parceiro sexual, e uma vez que o façam, é provável que se afastem.

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