Baleia rara encontrada morta em praia com suspeita de gripe aviária

Elisson Amboni
Imagem: Seacoast Science Center

Em 18 de maio, uma equipe de resposta emergencial foi chamada à praia de Wingaersheek, em Massachusetts, EUA, onde encontraram um animal marinho único. Ainda respirando, mas claramente em sofrimento, a criatura lembrava “uma mistura entre uma baleia e um golfinho”, de acordo com Brian Yurasits, membro da equipe de resgate de mamíferos marinhos do Seacoast Science Center (SSC).

Especialistas rapidamente identificaram o animal, com 4,2 metros de comprimento, como uma baleia-bicuda-de-sowerby (Mesoplodon bidens) juvenil, uma das espécies de baleia que mergulham mais profundo no oceano. A baleia encalhada era uma fêmea juvenil, uma visão rara e enigmática para os pesquisadores.

Uma decisão difícil

Com a maré baixando, a equipe decidiu não mover a baleia de volta para a água, temendo causar mais danos e sofrimento ao animal. Além disso, a baleia estava longe de seu habitat preferido e teria dificuldades para retornar.

Poucas horas depois, a baleia sucumbiu. A equipe do SSC, seguindo seu acordo de encalhe com a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA), enviou a carcaça do animal para a Universidade de New Hampshire para uma necropsia.

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A baleia estava viva quando foi encontrada, mas morreu subitamente pouco tempo depois. Imagem: Seacoast Science Center

A necropsia revelou uma infecção viral que causou inflamação e inchaço no cérebro da baleia.

“O grau de inflamação explica a morte desse animal, bem como por que ele pode ter se desviado para águas rasas”, disse Inga Sidor, professora associada clínica de ciências moleculares, celulares e biomédicas da Universidade de New Hampshire.

Os cientistas estão testando o tecido cerebral do animal para determinar o vírus causador da infecção, e a gripe aviária é uma das principais suspeitas. Se confirmado, será um grande problema, pois poucos cetáceos já foram diagnosticados com gripe aviária.

Um estudo raro

Apesar da tristeza da perda, o incidente proporcionou aos cientistas uma rara oportunidade de estudar a espécie enigmática. As baleias-bicudas-de-sowerby podem atingir até 6,4 m de comprimento e pesar 1.300 quilos. Seus habitats variam desde as águas frias e profundas do Mar da Noruega até a costa nordeste do Canadá e sul até as Ilhas Canárias.

Para se alimentar, essas baleias mergulham a profundidades de cerca de 1,5 quilômetros e podem passar meia hora abaixo da superfície. Espécies intimamente relacionadas podem mergulhar por ainda mais tempo, como a baleia-bicuda-de-cuvier (Ziphius cavirostris), que pode prender a respiração por mais de três horas.

A morte da baleia-bicuda-de-sowerby é uma perda significativa, mas também uma oportunidade única para os cientistas aprenderem mais sobre esta espécie enigmática e pouco compreendida.

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