Os “Animais Fantásticos” reais do Museu de História Natural de Londres

Mateus Marchetto
Uma exposição promovida pelo Museu de História Natural de Londres busca mostrar a origem de animais mitológicos com auxílio de Harry Potter. (Imagem de PublicDomainImages por Pixabay)

Boa parte da cultura humana foi construída em cima de lendas fantásticas. Desde pinturas da Idade Média, retratando dragões e feras que cospem fogo até as canções de marinheiros exploradores que falam de sereias e serpentes marinhas gigantescas. Atualmente, esses animais mitológicos fazem parte até da cultura pop e, nesse sentido, o Museu de História Natural de Londres resolveu promover uma exposição de animais fantásticos da vida real. Assim, a ideia principal é mostrar as possíveis origens de lendas como os dragões, que podem ter sido baseadas em fósseis de dinossauros. Contudo, organizadores promoveram a exposição de forma mais pop, por assim dizer, traçando uma relação com a série “Animais Fantásticos e Onde Habitam”, escrita pela autora J. K Rowling e que recentemente ganhou adaptações para o cinema.

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(Imagem de Yung-pin Pao por Pixabay)

O museu interrompeu momentaneamente a apresentação devido à pandemia da Covid-19. Contudo, ainda é possível ter uma primeira impressão dos espécimes do museu pelo tour da exibição, disponibilizado no site do Museu de História Natural de Londres. Toda a produção científica conta também com comparações de imagens tradicionais e relatos fantásticos de seres mitológicos lado a lado com os bichos que realmente existem e deram origem às principais lendas de animais fantásticos e mitológicos.

Alguns animais fantásticos

O peixe-boi-marinho, ou manati, é um mamífero aquático que pode chegar aos 4 metros de comprimento e pesar algo em torno dos 400kg. Assim como seus primos de água doce, esses peixes-boi nadam vagarosamente pela água e se alimentam principalmente de plantas e algas. Contudo, esses mamíferos simpáticos foram os responsáveis por uma das maiores lendas da história: as sereias. Por estranho que pareça, pescadores e marinheiros podiam facilmente deixar a imaginação tomar conta de suas histórias. Isso podia acontecer ao avistar a cauda ou mesmo a sobra de um peixe-boi na água.

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(Imagem de enriquelopezgarre por Pixabay)

Ainda no mar existem centenas de lendas e relatos de serpentes marinhas gigantescas ameaçando navios e caravelas. Ou mesmo o Kraken, uma suposta lula ou polvo lendário que assombrava o imaginário de marinheiros dos mares nórdicos há séculos. No primeiro caso, as serpentes marinhas recebem uma comparação, na exposição, com os peixes fantásticos que realmente existem e inspiraram essas lendas, o peixe-remo. Esse animal se assemelha muito a uma cobra achatada dos lados e podendo atingir os 11 metros de comprimento. Já no caso do Kraken, temos as lulas-gigantes, moluscos colossais que podem passar dos 14 metros de comprimento e certamente tiveram um papel importante na criação do folclore de monstros marinhos.

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(Imagem de kengholm por Pixabay)

Como surge um animal mitológico, afinal

O propósito principal da exposição é justamente lançar alguma luz sobre a formação da cultura e a relação com animais fantásticos. Os organizadores do evento afirmam que esse tipo de mitologia tem um papel importante mesmo na formação de estruturas de poder de uma sociedade. Frequentemente na história, grupos étnicos oprimidos, como judeus, acabam relacionados a figuras de animais monstruosos como forma de promover a exclusão.

A exposição busca fazer isso de uma forma inovadora, utilizando recursos da própria cultura pop. Isso é uma ferramenta interessante sobretudo para chamar atenção de jovens para o pensamento crítico e científico.

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