Cientistas dizem como as sondas alienígenas seriam, caso estivéssemos sendo espionados

Daniela Marinho
Orbe de Mosul, visto sobre o Iraque em 2016. Imagem: Pentágono

Em outubro de 2017, foi descoberto o primeiro objeto interestelar conhecido a adentrar nosso sistema solar, nomeado 1I/2017 U1 ‘Oumuamua, que significa “um mensageiro de longe que chega primeiro” em havaiano. O visitante apresentou características intrigantes: possuí a forma de um objeto rochoso alongado, lembrando um charuto, com uma coloração levemente avermelhada.

É esse tipo de objeto de outra estrela que girou a cerca de 24 milhões de quilômetros da Terra que tem intrigado e despertado a atenção dos cientistas, incluindo o astrônomo de Harvard Avi Loeb.

Além de levantar a possibilidade de que ‘Oumuamua poderia ser uma sonda alienígena, Loeb, que possui doutorado em física de plasma, também conduziu pesquisas relacionadas à busca por evidências de visitas de seres extraterrestres investigando o fundo dos oceanos.

Sondas alienígenas pareceriam com as sondas espaciais humanas

Em teoria, as sondas alienígenas poderiam ser similares aos tipos de sondas espaciais que os cientistas da Terra já lançaram ao espaço, como as missões Voyager e New Horizons. As sondas espaciais, tanto de origem alienígena quanto humana, são basicamente instrumentos científicos enviados ao espaço para coletar informações sobre o cosmos ou outros planetas.

Entretanto, viajar pelo espaço interstelar até a Terra com uma sonda exigiria conhecimentos que os cientistas terrestres ainda não possuem.

Física e engenharia alienígenas

Se uma civilização alienígena quisesse enviar uma sonda para coletar informações sobre a Terra, enfrentaria dois grandes desafios: distância e tempo. Por exemplo, se essa sonda viesse da galáxia de Andrômeda, o vizinho galáctico mais próximo, precisaria viajar por 2,5 milhões de anos-luz.

Com cada ano-luz equivalente a cerca de 6 trilhões de milhas, essa seria uma viagem incrivelmente longa. Para chegar até aqui antes que sua civilização de origem desaparecesse, eles teriam que descobrir uma maneira de viajar mais rápido que a velocidade da luz. No entanto, atualmente, isso é considerado impossível pela física que conhecemos.

Adam Frank , Ph.D., professor de astrofísica na Universidade de Rochester, explica que “Qualquer coisa que vá mais rápido que a luz é ficção científica neste momento porque as leis da física dizem que não se pode fazer isso […] A velocidade da luz é tão rápida quanto você pode ir.”

Além disso, em se tratando de engenharia, mesmo se os alienígenas conseguissem superar o desafio da velocidade, ainda enfrentariam outros obstáculos, explica Scott McCormack, Ph.D., professor assistente de ciência e engenharia de materiais na Universidade da Califórnia.

Além de desenvolver sondas capazes de resistir aos efeitos climáticos, como a radiação espacial, os engenheiros alienígenas também teriam que garantir que suas sondas resistissem ao impacto de detritos espaciais durante a longa viagem até a Terra. Isso exigiria a criação de novos materiais com características específicas de resistência e dureza, conforme destaca McCormack.

Nácar, o material encontrado nas conchas dos moluscos

Caso os extraterrestres possuíssem uma vida marinha semelhante à encontrada na Terra, eles poderiam optar por desenvolver materiais de sonda inspirados na estrutura do nácar, encontrado nas conchas de moluscos.

Segundo McCormack, essa estrutura em nanoescala do nácar se assemelha a um design de tijolo e argamassa, onde o composto de carbono do nácar é reforçado por camadas de materiais orgânicos. Isso confere às conchas uma alta capacidade de resistência e dureza, características que os cientistas estão explorando até mesmo para a construção de reatores de fusão nuclear.

Em relação à aparência dessas sondas, McCormack sugere que elas seriam menos parecidas com as sondas Voyager ou New Horizons da NASA e mais semelhantes ao ‘Oumuamua.

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O misterioso viajante espacial ‘Oumuamua. Imagem: Reprodução / NASA

Radiotelescópios e sinais anormais

Digamos que os alienígenas tenham conseguido criar sondas capazes de chegar até nosso sistema solar. Como seria possível detectá-las? Uma maneira é procurar por “assinaturas tecnológicas” usando radiotelescópios.

Cientistas como Steve Croft, da equipe Breakthrough Listen da Universidade da Califórnia, Berkeley, estão usando o radiotelescópio Green Bank, na Virgínia Ocidental, para buscar sinais de rádio que parecem distintos dos sinais naturais do espaço.

Embora possa parecer estranho que os alienígenas se comuniquem por rádio, é uma opção eficiente em termos de energia. Até agora, a equipe não detectou nenhuma mensagem alienígena, mas continuam buscando. E se encontrarem alguma mensagem, Croft destaca que seria uma decisão importante decidir se devemos responder e, se sim, ponderar sobre como responder.

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