Ictiossauros se adaptaram à fusão de dois ecossistemas

Mateus Marchetto
Imagem: Nobumichi Tumura

Após a junção de dois oceanos, há aproximadamente 150 milhões de anos, os ictiossauros re-evoluíram hábitos de comer grandes presas e em grandes quantidades. A fusão dos dois ecossistemas, nesse sentido, pode ter favorecido a adaptação destes répteis marinhos.

Em uma nova pesquisa, publicada no periódico Journal of Systematic Palaeontology, pesquisadores relatam a descoberta de uma nova espécie de ictiossauro: Kyhytysuka sachicarum. Segundo os autores, ademais, a espécie é a única entre os ictiossauros a ter hábitos de hipercarnivoria durante o período Cretáceo.

O K. sachicarum, portanto, viveu durante o Cretáceo Inferior (que vai de 145 a 100 milhões de anos atrás, aproximadamente) e sua dieta era majoritariamente baseada em grandes presas. Além disso, a espécie foi uma das últimas do grupo dos ictiossauros a habitar o planeta. Esses grandes répteis marinhos já estavam extintos há 100 milhões de anos.

Analisando um crânio da espécie recém-descoberta, a equipe de pesquisadores registrou uma característica bastante incomum para um ictiossauro. O animal tinha dentes com diversas morfologias. Alguns dentes serviam, por exemplo, para cortar ou perfurar grandes pedaços de carne.

O que aconteceu com a espécie é que ela re-evoluiu características de ictiossauros hipercarnívoros do período Jurássico. Ao mesmo tempo, outras espécies acabaram extintas ou diminuíram significativamente seu tamanho e o de suas presas.

Um ecossistema rico para os ictiossauros

A Paja Formation é a formação geológica na qual pesquisadores encontraram o crânio do Kyhytysuka sachicarum. Na mesma formação, há diversos outros registros de animais pré-históricos que habitaram um ecossistema altamente diverso. Apesar disso, os autores citam que a formação é pouco estudada.

Dentre as espécies que um dia habitaram a Paja Formation, no centro da Colômbia, estão diversos outros ictiossauros, pliossauros e elasmossauros além de um crocodilo de água salgada de dez metros. A linhagem mais antiga relacionada às tartarugas modernas também vem da mesma formação.

Com o início do Cretáceo, por conseguinte, o planeta começou a esquentar, ao passo que os níveis de oxigênio e das águas do mar aumentaram. Isso ligou o Oceano Pacífico Leste com o Mar de Tétis, que posteriormente originaram o Oceano Atlântico.

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Imagem: kordi_vahle / Pixabay

Essa combinação de fatores ambientais permitiu o contato de duas teias alimentares muito diversas e, por consequência, a maior disponibilidade de presas para grandes predadores. Esse ambiente gerou, portanto, uma ressurreição da hipercarnivoria nestes ictiossauros bem como o surgimento de características completamente novas.

Estes grandes predadores, aliás, moldaram os ecossistemas marinhos por milhares de anos, até acabarem extintos e darem lugar a uma gama completamente nova de animais. Alguns, inclusive, que estão por aqui até hoje.

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