Vikings em batalha usavam alucinógeno para inibir a dor

Mateus Marchetto
Imagem: Jo Stolp / Pixabay

Os Vikings ficaram famosos pela dominação de grandes áreas na Europa durante séculos, além da sua habilidade para navegação e ferocidade em batalha. Essa última característica, todavia, pode ter sido motivada por um composto alucinógeno que inibia a dor e as regras morais dos guerreiros.

Uma classe de guerreiros Vikings, em especial, recebe a fama dessa ferocidade: os berserkers. Esses lutadores iam para a batalha praticamente nus, geralmente cobertos apenas com peles de animais. Além do mais, diversos relatos indicam que os berserkers não sentiam dor e apresentavam uma ferocidade e violência incomum na guerra.

Nesse sentido, de acordo com uma nova pesquisa do etnobotânico Karsten Fatur, indica que esses guerreiros poderiam estar sob o efeito da planta alucinógena Hyoscyamus niger, ou meimendro.

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Imagem: Valerii Iavtushenko / Pixabay 

“Eles podiam fazer um chá com ela, uma infusão de álcool ou uma pomada com gordura vegetal e animal e esfregá-la na pele”, afirma Fatur em entrevista ao The Times.

Outros estudos e pesquisas indicaram o uso de alucinógenos mais comuns, como aquele produzido pelo cogumelo Amanita muscaria. No entanto, Fatur acredita que os sintomas gerados pelo alucinógeno da H. niger são mais condizentes com as descrições dos guerreiros berserker, como veremos a seguir.

Sintomas e efeitos do alucinógeno

Na verdade, existem dois compostos alucinógenos na H. niger: hioscinamina e escopolamina. De acordo com a pesquisa, ambos compostos causam um efeito de elevada agressão e imprevisibilidade em quem os ingeriu. Ademais, infusões da H. niger causam perda da sensação de dor e desconexão com a realidade.

Após a batalha, contudo, os berserkers perdiam o efeito da droga e permaneciam de repouso e apáticos por dias ou semanas. Segundo Fatur, assim, esse sintoma também é recorrente no uso de hioscinamina e escopolamina em altas quantidades. Além do mais, o chá alucinógeno da H. niger causa hiperatividade e vontade de se despir. Isso explica também a nudez dos Vikings em batalha.

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Imagem: Ben Kerckx / Pixabay 

Fatur afirma, em sua pesquisa: “O consumo deles teria reduzido a sensação de dor e os tornaria selvagens, imprevisíveis e altamente agressivos”. “Também poderia ter produzido efeitos dissociativos, como perder o contato com a realidade. Isso poderia permitir que eles matassem indiscriminadamente sem objeções morais”.

Vale ressaltar, contudo, que o uso da H. niger como alucinógeno precede a história Viking. O consumo da planta em si pode ser fatal, mas os Romanos foram provavelmente os primeiros a levar a planta para todas as partes da Europa na forma de sementes. Há indícios, ainda, de que oráculos gregos utilizavam as mesmas sementes para causar efeitos alucinógenos e gerar profecias.

O artigo está disponível no periódico Journal of Ethnopharmacology

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