Nova espécie de planta é identificada no Rio Grande do Sul

Rafael D'avila
Imagem: Maurício Figueira

Todos os dias o mundo nos surpreende com algo, e recentemente uma nova espécie de planta foi identificada por pesquisadores no Rio Grande do Sul. A história por trás dessa grande surpresa, é a prova de que nem sempre uma expedição segue por caminhos óbvios.

Tudo começou em 2011, quando o pesquisador Maurício Figueira avistou um pequeno arbusto verde-brilhante durante uma viagem com amigos, em São Martinho da Serra. Desde então, a memória daquela planta ficou em sua mente até 2012, onde encontrou o arbusto cheio de frutos em São Pedro do Sul.

Maurício colheu uma amostra daquela planta para examinar, mas o pequeno exemplar desidratado viajou com ele por muitos anos, enquanto trabalhava percorrendo o Brasil. Acredite se quiser, mas a conclusão de sua pesquisa aconteceu apenas em 2021, pois nos anos anteriores as descobertas gradativamente apareciam.

Uma nova espécie de planta sempre gera curiosidade, e Maurício primeiramente conseguiu encontrar a família botânica daquele arbusto (Rhamnaceae). Logo após, constatou que não se tratava apenas de um novo registro no país, como também, um fato que a ciência desconhecia.

nova espécie descoberta no Rio Grande do Sul
Imagem: Bianca Schindler

O futuro da nova espécie

A revista científica Phytotaxa publicou, no começo de julho, um artigo detalhado sobre a descoberta, onde Maurício trabalhou com a engenheira florestal Bianca Schindler. A planta recebeu o nome de R. riograndense, mas algumas informações ainda permaneciam sem respostas.

“A região Sul do Brasil está entre as áreas com maior número de coleções botânicas do país, porém para a região central do estado do Rio Grande do Sul há lacunas de coleta. Nossos resultados apoiam esta tendência ao afirmar que mais coleções botânicas são necessárias e podem descobrir outras novidades. Estas expedições em torno da nova espécie de planta devem se concentrar nas áreas onde essas novas espécies estão sendo encontradas. Além disso, esses ambientes sofrem substituições de habitat, principalmente relacionadas à pecuária e à atividade agrícola, e novos registros são necessários para acessar o estado de conservação e planejar futuras ações de conservação para os táxons [espécies] que ocorrem na região”, aponta um pedaço do artigo.

“Temos o avanço da monocultura da soja e nenhuma das populações está dentro de unidade de conservação, então não é um cenário muito bom, não há proteção garantida no longo prazo”, ressalta Maurício, em relação a possível vulnerabilidade da R.riograndense.

Ainda há muitas perguntas que precisam ser esclarecidas sobre essa nova espécie de planta, mas o pesquisador parece não ter pressa: “Cada planta que se descobre surgem novas perguntas para serem respondidas. Essa planta [Rhamnidium riograndense] tem um potencial ornamental muito grande, porque ela tem essa folhagem muito bonita, verde brilhante, que não é tão comum”, finalizou ele.

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