Pesquisadores estimam o efeito de grandes erupções sobre o aquecimento global

Mateus Marchetto
Imagem: Pexels / Pixabay

Os gases emitidos por uma grande erupção vulcânica podem permanecer na atmosfera por um período de 3 a 5 anos, em geral. Esses gases, frequentemente, também possuem partículas e detritos que podem interagir com as camadas de ar da Terra.

Nesse sentido, uma equipe de pesquisadores está buscando quantificar os possíveis efeitos de grandes erupções de vulcões sobre o aquecimento global e a mudança climática. No mais recente artigo da equipe, publicado no periódico Nature Communications, os autores analisam os possíveis efeitos de vulcões mesmo em cenários mais distantes, como o ano de 2100.

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Partículas com enxofre liberadas na atmosfera por grandes erupções tendem a refletir muita luz. Quanto menor a partícula, maior a reflexão. Imagem: Pexels / Pixabay 

A equipe exemplifica que, no ano de 1991, a explosão do Monte Pinatubo, nas Filipinas, causou uma redução média de pelo menos 0,5°C nas temperaturas globais. Contudo, essa queda foi temporária e acabou se revertendo nos anos seguintes, mesmo que a erupção tenha sido a maior do século XX.

Os pesquisadores ressaltam, aliás, a diferença entre as variações climáticas causadas por seres humanos e àquelas causadas por grandes erupções. Acontece que explosões de vulcões causam variações abruptas na temperatura, mas que duram pouco tempo. Ainda assim, esses eventos podem mudar, por exemplo, a temperatura do oceano.

Por outro lado, os gases de efeito estufa produzidos por seres humanos não se degradam tão rápido na atmosfera. É provável, aliás, que no caso de nada ser feito, todo o gás carbônico e o metano da atmosfera ainda permaneçam sobre nossas cabeças por algumas boas centenas de anos.

Novas grandes erupções devido ao aquecimento global

Bom, vulcões são eventos geológicos, e a incidência de grandes erupções não tem muito a ver com a atividade humana, certo?

Na verdade, errado. Acontece que o aquecimento global vem derretendo milhares de quilômetros quadrados de cobertura de gelo sobre os polos. Essa exposição da crosta facilita novas erupções, principalmente em regiões como a Islândia, que já tem uma alta atividade vulcânica.

Apesar disso, a pesquisa estima que pequenas e médias erupções percam boa parte de seu efeito sob a atmosfera. De acordo com os autores, esse efeito – de resfriamento – destas erupções menores, que acontecem anualmente, deve cair em até 75%.

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Imagem: ELG21 / Pixabay 

Ou seja, o aquecimento global pode estar causando um sistema de feedback. Ou seja, a diminuição da cobertura de gelo causa mais erupções, e estas deixam o clima ainda mais variável nos próximos anos. Esse clima inseguro tende a gerar maiores necessidades industriais e, consequentemente, mais aquecimento humano, iniciando o ciclo novamente.

Todavia, os autores ressaltam que estas estimativas são apenas o início do trabalho. A pesquisa deixa bastante evidente que os vulcões são uma parte essencial da dinâmica climática do planeta, que tem sido pouco estudada em conjunto com a mudança climática nos últimos anos.

A pesquisa está disponível no periódico Nature Communications.

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