Na Paleontologia, encontrar novas peças que pertenceram a milhões de anos atrás é um dos principais objetos de estudo. No entanto, durante uma expedição em uma mina de ouro localizada no sul da África, pesquisadores descobriram um fóssil vivo de um micróbio (Candidatus Desulforudis audaxviator). A estimativa é que esse sofreu uma paralisação evolutiva de mais de 175 milhões de anos, devido a sua alimentação.
Seria essa a descoberta de um fóssil revolucionário?
Pela primeira vez na história, os pesquisadores encontraram um micróbio localizado a 3 quilômetros abaixo da mina de ouro. Tal organismo vivia bastante escondido, mais especificamente, em bolsões cheios de água, situados dentro das rochas. No entanto, o inusitado e que chamou a atenção dos pesquisadores fora acerca da alimentação.
Devido a presença de minerais e a radioatividade liberada por esses, o local era uma fonte de reações químicas nas quais produziam energia. Portanto, apesar de ser um recanto bastante escondido do restante do mundo, os micróbios se alimentavam dessa energia fabricada no interior das rochas.
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A pesquisa foi conduzida pelo Laboratório Bigelow para Ciências do Oceano nos Estados Unidos. A equipe conseguiu isolar e acompanhar a sua evolução de modo individual. Também fora encontrado amostras dessas espécies na Sibéria e na Califórnia. Esse fato chama bastante atenção, tendo em vista que são 2 ambientes com características diferentes.
A princípio, os cientistas trabalhavam seguindo a hipótese de que os micróbios possuíam diferenças devido ao local onde foram encontrados. No entanto, para a surpresa dos pesquisadores, dentre os 3 continentes, 126 genomas de microrganismos foram examinados. E no final, todos eles possuam semelhanças entre si, endo quase idênticos.
Mas, como podem ser iguais e estarem em locais diferentes?
Após as análises, os pesquisadores concluíram que não houve a contaminação cruzada. Uma outra hipótese descartada foi a que sugeria que esses micróbios atravessaram continentes, uma vez que não conseguem sobreviver na presença do oxigênio. Segundo o coautor Ramunas Stepanauskas, a ideal mais aceitável é que não houve mudança quanto localização física.
Portanto, para que a presença deles sejam notadas em diversos locais, os micróbios tiveram que ser separados durante a divisão da Pangéia. Isso ocorreu cerca de 175 milhões de anos atrás, sendo de grande valorosidade para estudos futuros. Com isso, devemos evitar bolar ideias mirabolantes ao estudar acerca da árvore da vida e como ocorreu a evolução das espécies.
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Afinal, cada uma possui o seu próprio tempo e algumas, não chegaram a tempo de serem estudadas. Uma outra hipótese é que os microrganismos usem proteção contra mutação, as quais ocorrem durante a replicação do DNA. Caso se confirme essa ideia, a área de biotecnologia será bastante beneficiada.
Tendo em vista que as enzimas envolvidas nesse processo de cópia, a DNA polimerase, atuam nesse fóssil com extrema maestria, raramente comendo erros. O estudo demonstra um avanço no que diz respeito à microrganismos subterrâneos profundos, que até o momento, eram desconhecidos. No entanto, agora a pesquisa está avançando e o resultado demonstra que constituem cerca de 10% da biomassa do planeta.
A pesquisa foi publicada no ISME Journal