Expectativas crescem para trazer o extinto Dodô de volta à vida

Dominic Albuquerque

Diversas espécies de animais extintos continuam presentes no imaginário popular. Dinossauros, mamutes e o dente-de-sabre sem dúvidas ocupam o topo da lista, mas uma ave extinta há poucos séculos também chama atenção: o Dodô.

A espécie era endêmica da Ilha Maurício, que fica a oeste de Madagascar. Incapaz de voar, a ave tinha cerca de 90 cm, e foi extinto no século XVII apenas cem anos depois de ser descoberto na ilha.

Ele foi caçado não apenas por humanos, mas também cães, gatos e porcos trazidos com os navegadores ao passo em que eles exploravam as ilhas do Oceano Índico.

Recentemente, o Dodô se tornou um forte candidato a “desextinção” após cientistas conseguirem sequenciar seu DNA por completo. A conquista foi feita por uma equipe da Universidade da Califórnia, onde a professora de ecologia e bióloga evolucionária, Beth Shapiro, junto a seus colegas, vinha tentando mapear o genoma do Dodô há algum tempo. Tentativas anteriores usando um espécime do Reino Unido falharam, mas um “espécime fantástico” da Dinamarca providenciou um DNA bem preservado.

Segundo Shapiro, o genoma do Dodô já está sequenciado por completo, e a publicação deve vir em breve.

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O Dodô foi extinto cem anos depois de ser encontrado na Ilha Maurício.

Isso significa que podemos trazer o Dodô de volta?

Ainda não. Mesmo com o genoma completo, seria difícil trazer o Dodô de volta, devido ao fato dele ser uma ave.

Mamíferos são mais simples”, disse Beth. “Se eu tenho uma célula e ela está vivendo numa placa no laboratório e eu a edito para que tenha um pouco do DNA do Dodô, como então vou transformar essa célula num animal inteiro vivo? A maneira de fazer isso é cloná-lo, a mesma abordagem que usamos para criar a ‘ovelha Dolly’, mas não sabemos como fazer isso com aves devido à complexidade de suas vias reprodutivas”.

Então, para superar esse desafio, Beth diz que é necessária outra abordagem para lidar com aves.

Mike Benton, professor de paleontologia dos vertebrados da Universidade de Bristol, disse que seria preferível trazer um Dodô de volta em comparação a um animal mais antigo, porque ele poderia sobreviver no ecossistema atual.

Todavia, talvez o Dodô ressuscitado não fosse tão semelhante aos seus ancestrais.

“Em termos de usar a engenharia genética no Dodô, se enfrentaria todos os problemas que as pessoas têm enfrentado, […] injetando partes do DNA do Dodô num pombo moderno e de alguma forma gerando um Dodô, ele provavelmente não se pareceria tanto com o que esperamos que um Dodô se pareça”, disse Benton.

O professor George Church, geneticista renomado mundialmente, tem tentado recriar o DNA do mamute nos últimos dois anos. Ele concorda que seria mais fácil trazer de volta um mamífero do que uma ave.

“Mas mesmo que você possa trazer só uma parte do DNA de volta, esses genes podem ser usados em toda uma variedade de maneiras, restaurando a diversidade de uma espécie, por exemplo”.

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