Existe um “deserto” no meio do Pacífico. Aqui está o que vive lá

Erik Behenck
(MPI Marine Microbiology / YouTube)

Você sabia que existe um “deserto” no meio do Pacífico? Fica no Oceano Pacífico Sul, em um lugar extremamente distante de terra firme. Em seu centro está o “polo oceânico da inacessibilidade”, sendo considerado o ponto mais remoto do oceano, o Point Nemo, que significa ninguém. Esse local é um famoso cemitério de naves espaciais, mas será que há mais coisas por lá do que apenas os satélites antigos?

O cemitério de naves espaciais é uma vala localizada em Point Nemo um local entre a Nova Zelândia e a América do Sul, mais distante de qualquer massa de terra. Essa vala está cheia de carcaças descartadas – restos de tecnologias espaciais – freqüentemente quebradas em vários pedaços à medida que desciam – já que estes corpos já foram satélites, foguetes, estações espaciais e outras naves que foram cuidadosamente dirigidas para o remoto do oceano.

O Giro do Pacífico Sul (SPG, na sigla em inglês), ocupa quase 10% da superfície do oceano, mesmo assim é praticamente um deserto em relação a diversidade de vida marinha.

Deserto no meio do Pacífico ainda é pouco conhecido

Existem diversas questões que ajudam a explicar a baixa existência de vida nesse deserto no meio do Pacífico. Assim, uma das questões é a distância para a terra firme e toda a matéria nutritiva que ela fornece. A maneira como as correntes de turbilhão de água isolam o centro do giro do resto do oceano e os elevados níveis de raios UV são outras questões impeditivas.

De modo geral, ainda conhecemos pouco sobre os animais que habitam essa região do planeta. Isso acontece pelas dificuldades em chegar até lá, principalmente devido à distância. Além disso, é uma região muito grande, que cobre 37 milhões de quilômetros quadrados. Ou seja, é 4,3 vezes maior do que o território brasileiro.

Uma pesquisa reveladora sobre o que existe nessa região afastada

Por mais complicado que essa missão seja, um recente estudo internacional mostrou um pouco sobre as criaturas microbianas que existem naquelas águas. Por seis semanas a bordo do navio de pesquisa alemão FS Sonne, entre dezembro de 2015 e janeiro de 2016, uma equipe navegou 7.000 quilômetros, indo do Chile à Nova Zelândia.

Durante o percurso avaliaram as populações microbianas nas profundidades entre 20 metros e 5.000 metros. Para isso, colocaram em prática um sistema de análise desenvolvido recentemente, para sequenciar e identificar amostras orgânicas.

“Para nossa surpresa, descobrimos cerca de um terço a menos de células nas águas superficiais do Pacífico Sul em comparação com as ondas do oceano no Atlântico”, disse um dos pesquisadores, o ecologista microbiano Bernhard Fuchs, em julho de 2019.

Entre tudo o que foi analisado, 20 principais dados bacterianos dominaram, organismos como Prochlorococcus, SAR11, SAR116 e SAR86, encontrados também em outros sistemas. A distribuição normalmente variava conforme a profundidade da água, mudança de temperatura e disponibilidade de luz.

Em geral, a pesquisa mostrou que a baixa disponibilidade de nutrientes reduz o crescimento de organismos e criaturas nessa região. Dessa forma, o termo deserto cabe muito bem para essa gigante zona.

A pesquisa foi apresentada em Microbiologia Ambiental.

Com informações do ScienceAlert.

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