Descoberta a causa do misterioso escurecimento de Betelgeuse

Erik Behenck
Ilustração: NASA, ESA e E. Wheatley (STScI)

O telescópio espacial Hubble, da NASA, conseguiu explicar o escurecimento de Betelgeuse, uma estrela gigantesca. Ela é considerada uma supergigante vermelha envelhecida, que aumentou de tamanho conforme aconteceram mudanças evolutivas na sua fusão nuclear. Para se ter uma ideia, se ela fosse colocada no lugar do Sol, a sua superfície externa iria além de Júpiter.

O escurecimento repentino deixou os astrônomos atônitos, levando ao desenvolvimento de diversas teorias. Alguns acreditavam era que uma mancha estelar enorme, fria e escura cobria uma grande área da superfície visível. Entretanto, não foi bem isso o que realmente aconteceu.

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Como aconteceu o escurecimento de Betelgeuse?

Conforme as observações feitas pelo Hubble, esse escurecimento deve ter sido causado por uma imensa quantidade de material quente ejetado para o espaço, formando uma espécie de nuvem de poeira. Os pesquisadores indicam que essa nuvem se formou assim que o plasma superquente liberado passou para as camadas externas mais frias.

Então, ele teria resfriado tanto até formar grãos de poeira. Assim, a gigante nuvem bloqueou a luz em cerca de 25% da superfície da estrela, iniciando o procedimento no fim de 2019. E ela permaneceu assim até abril de 2020, quando voltou a sua condição normal. De fato, é um fenômeno sem precedentes e perceptível até mesmo a olho nu.

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Representação artística da estrela e sua nebulosa. (Imagem: Wikipedia)

Os pesquisadores começaram a avaliar desde janeiro de 2019, para desenvolver uma linha do tempo quanto ao escurecimento da estrela. Assim, conseguiram pistas importantes sobre o que possivelmente teria acontecido. O Hubble captou sinais de material denso e aquecido movendo-se pela atmosfera da estrela em setembro, outubro e novembro, até que em dezembro ela foi vista da Terra com um brilho mais fraco.

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“Com o Hubble, vemos o material conforme ele deixou a superfície visível da estrela e se moveu pela atmosfera, antes que a poeira se formasse que fez com que a estrela parecesse escurecer”, disse a líder do estudo, Andrea Dupree. “Pudemos ver o efeito de uma região densa e quente na parte sudeste da estrela movendo-se para fora”, completa.

Estrelas como Betelgeuse são importantes, já que expelem enormes quantidades de carbono para o espaço, permitindo a construção de novas estrelas. Além disso, o carbono é um ingrediente básico para a vida, pelo menos na forma como conhecemos.

Está surgindo uma supernova?

 

O escurecimento de Betelgeuse representa o surgimento de uma supernova? De fato, alguns astrônomos acreditam que esse escurecimento repentino é o presságio de uma pré-supernova. A estrela fica 725 anos-luz da Terra, isso quer dizer que o seu escurecimento aconteceu por volta do ano 1300, já que agora é que a sua luz está chegando até aqui.

“Ninguém sabe o que uma estrela faz antes de se transformar em supernova, porque ela nunca foi observada”, explicou Dupree. “Os astrônomos testaram estrelas talvez um ano antes de se transformarem em supernovas, mas não dias ou semanas antes de acontecer. Mas a chance de a estrela se tornar supernova em breve é ​​muito pequena”, completou.

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Atualmente Betelgeuse está em uma rota muito próxima do Sol, por isso a observação está comprometida. Ainda assim, até o começo de setembro novas experiências serão possíveis. Ainda assim, o Solar Terrestrial Relations Observatory (STEREO) da NASA, fez imagens da estrela e indicou que novamente voltou a escurecer entre maio e julho, embora não tanto.

O estudo foi publicado no The Astrophysical Journal. Com informações da NASA.

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