Misteriosa ‘explosão de rádio rápida’ detectada mais perto da Terra do que nunca

Erik Behenck
O desenho de como seria a explosão. (Imagem: ESA)

No dia 28 de abril, algo estranho passou pela Terra, fazendo com que alarmes fossem disparados em observatórios de todo o planeta. Foi detectada uma explosão de rádio rápida, sinal emitido por uma estrela morta do outro lado da Via Láctea, há 30 mil anos, de acordo com um estudo publicado em 27 de julho no The Astrophysical Journal Letters.

O sinal não durou mais do que meio segundo, ainda assim foi importante para os cientistas, que puderam perceber algo interessante: a primeira “explosão rápida de rádio” emanada por uma estrela de nossa galáxia. Chamados de FRBs, eles são conhecidos desde 2007 e geralmente intrigam os cientistas.

São fortes explosões que não passam de milissegundos, gerando uma forte energia, superior ao que o Sol envia para a Terra ao longo de um século. Entretanto, ainda não descobriram qual é a origem dessas explosões, que pode ser gerada por naves alienígenas ou mesmo a colisão de buracos negros.

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Estrela responsável pela explosão é de uma classe pouco conhecida

Conforme observações feitas por telescópios, essa explosão veio de uma estrela de nêutrons conhecida. Ou seja, consiste em um núcleo compacto e giratório de uma estrela morta, que acumula a massa semelhante à do Sol, mas numa bola do tamanho de uma cidade. Isso na constelação de Vulpecula, há 30 mil anos-luz da Terra.

Pertence a uma classe ainda pouco conhecida de estrelas, chamada magnetar, batizada devido ao seu campo magnético poderoso, que consegue cuspir grandes quantidades de energia, mesmo depois de a estrela já ter morrido. Dessa forma, os pesquisadores imaginam que os magnetares são responsáveis por boa parte dos FRBs já detectados.

“Nunca vimos uma explosão de ondas de rádio, semelhante a uma explosão rápida de rádio, de um magnetar antes”, disse o principal autor do estudo, Sandro Mereghetti, do Instituto Nacional de Astrofísica de Milão, na Itália, em um comunicado. “Esta é a primeira conexão observacional entre magnetares e rajadas de rádio rápidas”, explicou.

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Explosão de rádio rápida foi identificada em diferentes pontos da Terra

Esse magnetar foi descoberto em 2014, quando estava emitindo poderosas rajadas de raios gama e raios-X, com intervalos aleatórios. Após um tempo em relaxamento, a estrela morta acordou com uma grande explosão de raios-X, no fim de abril.

Foi assim que Sandro e seus parceiros detectaram essa explosão com o Satélite Integral da Agência Espacial Europeia (ESA), desenvolvido para capturar fenômenos energéticos no universo.

Além disso, um radiotelescópio instalado nas montanhas da Colúmbia Britânica, no Canadá, detectou uma explosão vinda da mesma direção. No dia seguinte, radiotelescópios da Califórnia e em Utah, nos Estados Unidos, confirmaram o FRB.

Antes disso uma explosão simultânea de ondas de rádio e raios-X nunca havia sido detectada de um magnetar. Por isso, são possíveis fontes de FRBs. Por fim, essa conclusão somente foi possível já que diferentes telescópios da Terra conseguiram captar a explosão de maneira simultânea.

O artigo científico foi publicado na The Astrophysical Journal Letters. Com informações de Live Science

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