Grilos dão pistas sobre os sons da natureza na era dos dinossauros

Mateus Marchetto
Imagem: Myléne/Pixabay

A comunicação por sons é altamente complexa na natureza, e data de muito antes da era dos dinossauros no planeta. Agora, fósseis de grilos de milhões de anos de idade estão ajudando pesquisadores a entender a comunicação dos animais na era Mesozoica.

A família dos grilos é apenas uma das muitas famílias de insetos a usarem sons para a comunicação, e isso data de pelo menos 240 milhões de anos. Contudo, a pesquisa publicada no periódico PNAS agora revela os aparatos auditivos mais antigos já descobertos em insetos, datando de 160 milhões de anos.

Com 24 fósseis dos insetos provenientes da China, a equipe pôde caracterizar as estruturas do tímpano da família dos Tetigoniídeos. Além do mais, outros 87 fósseis datando entre 150 e 240 milhões de anos mostram que estes insetos já possuíam estruturas corporais complexas para a produção de som, mesmo nos fósseis mais antigos.

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Imagem: Wang Bo via South China Morning Post.

Por mais que pareça contraditório que a produção de som surja antes dos tímpanos, muitos insetos podem detectar frequências sonoras por cerdas e tecidos corporais superficiais, por exemplo. Grilos possuem asas dianteiras modificadas chamadas tégminas que têm estruturas para a produção e amplificação do som.

A pesquisa mostra que já há 200 milhões de anos os Tetigoniídeos tinham uma ampla gama de produção de sons, com chamados de altas frequências. De acordo com os autores, durante o Jurássico Médio estes insetos já haviam desenvolvido sinais de reprodução, competição e audição direcional.

Ouvidos de grilos influenciaram a evolução de mamíferos

Insetos e mamíferos evoluíram a audição e comunicação, de forma geral, independentemente. Entretanto, o estudo reforça a coincidência das comunicações entre insetos com o período de desenvolvimento da audição também em mamíferos. Vale lembrar que muitos dos primeiros mamíferos eram de pequeno porte e se alimentavam majoritariamente de insetos e outros pequenos animais.

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Imagem: Ralf Kunze/Pixabay 

O co-autor Edmund Jarzembowski afirma ao Natural History Museum: “Nós queríamos olhar para a evolução do som em animais terrestres, especialmente insetos e tetrápodos, depois da substituição e extinção do Permiano-Triássico.

“Nós descobrimos que grilos foram os primeiros na cena, fazendo chamados musicais usando suas asas como instrumentos e ouvindo com ouvidos em suas patas. Ademais, os ossos de mamíferos mostram que a audição deles melhorou em torno do Jurássico, provavelmente devido à predação a insetos.”

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