Cientistas encontram tumor feito de dentes em múmia egípcia

Damares Alves
Imagem: Amarna/Projeto A. Deblauwe

Arqueólogos que trabalhavam uma antiga tumba subterrânea do Deserto do Norte em Amarna, no Egito, se depararam com uma surpresa inusitada ao analisar a pélvis de uma mulher que viveu há 3.000 anos: um tumor feito de dentes!

Um dente solitário foi encontrado aninhado na curva da pélvis desgastada de uma mulher que tinha entre 18 e 21 anos quando morreu. A descoberta poderia facilmente ter passado despercebida pelos arqueólogos.

Inicialmente, a supervisora do local, Melinda King Wetzel, acreditou que se tratava de partes um feto da época dos faraós egípcios.

No entanto, ao mostrar a descoberta à diretora bioarqueológica do sítio, Gretchen Dabbs, ficou evidente que aquela descoberta era ainda mais incrível do que parecia.

Tumor com dentes
O teratoma onde foi encontrado próximo à incisura ciática esquerda de um osso pélvico feminino. Imagem: M. Wetzel

Elas estavam diante da evidência mais antiga de um teratoma ovariano maduro, um tipo raro de tumor de células germinativas. Este teratoma é notável por conter ossos e dentes totalmente formados, medindo aproximadamente 3 por 2 centímetros e remontando a meados do século XIV AEC.

Teratomas são tumores muito raros e, além disso, esta é a primeira vez que um teratoma maduro foi encontrado em uma múmia egípcia antiga.

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Imagem: Amarna/Projeto A. Deblauwe

A descoberta é significativa, acrescentando profundidade temporal e geográfica ao entendimento dessa condição no passado. A equipe de pesquisadores trabalhou no sítio arqueológico às margens do Rio Nilo, como parte do Projeto Amarna, uma escavação de longo prazo que visa descobrir os cemitérios de pessoas comuns enterradas perto da antiga capital do Faraó Akhenaton.

A equipe de pesquisa relatou que a mulher estava enrolada em uma esteira de fibra vegetal com diversos produtos. Além disso, ela tinha um anel de ouro na mão esquerda, possivelmente usado para tratar a dor associada ao tumor ou problemas percebidos de infertilidade. O anel que retrata uma divindade chamada Bes que, juntamente com sua contraparte feminina Beset, está associado à proteção, fertilidade e parto.

O estudo foi publicado no International Journal of Paleopathology.

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