Arqueólogos desenterraram uma tumba ornamentada do primeiro milênio a.C. A tumba, descoberta no sítio arqueológico de Abusir, no norte do Egito, pertenceu a um antigo dignitário e contém feitiços para evitar picadas de cobra.
O Instituto Tcheco de Egiptologia (CIE) da Universidade Charles, em Praga, liderou as escavações que começaram em abril e maio. O antigo complexo de pirâmides de Abusir, situado entre Gizé e Saqqara, abriga essa tumba recém-descoberta.
Essa parte de Abusir funcionava como um cemitério, acomodando os locais de descanso final de estimados oficiais e comandantes militares das 26ª e 27ª dinastias do Egito. “O cemitério de tumbas de poços no oeste de Abusir é um dos maiores conhecidos das necrópoles de Abusir e Saqqara”, diz Miroslav Bárta, o arqueólogo que chefiou as escavações.
A tumba pertence a Djehutyemhat, um escriba real que viveu em um período tumultuado marcado por invasões persas. Ladislav Bareš, um dos arqueólogos, descreve-a como uma “tumba de fuste de tamanho médio ricamente decorada”. Ele acredita que essa descoberta, juntamente com as anteriores do local, fornecerá mais informações sobre a história do Egito durante os séculos VI a V a.C.
Elegância artística e feitiços de proteção
Embora a parte acima do solo da tumba esteja em ruínas, a câmara funerária, localizada a quase 15 metros abaixo do nível do solo, apresenta obras de arte e textos notáveis. A parede norte ostenta uma série de feitiços para proteção contra picadas de cobra. “As cobras venenosas eram uma realidade cotidiana”, explica Bárta.
É interessante notar que as cobras mencionadas nesses feitiços não eram vistas apenas como ameaças, mas também como potentes protetoras do falecido e de sua múmia.
As oferendas rituais embelezam as paredes sul e oeste. O teto retrata a jornada do Sol pelo céu, acompanhada de hinos ao seu nascer e pôr do Sol.
Um grande sarcófago de pedra dentro da câmara contém inscrições hieroglíficas e representações de deuses. Elas incluem trechos do Livro dos Mortos, um compêndio de textos funerários colocados em tumbas para guiar e proteger o falecido na vida após a morte.
Imagens das deusas Ísis e Néftis, juntamente com textos de proteção, adornam o sarcófago. “A deusa do Ocidente, retratada dentro do sarcófago, representa uma protetora e guia, e também a mãe simbólica do falecido”, diz Jiří Janák, especialista em textos religiosos e mágicos antigos.
A vida e a morte do falecido
Os pesquisadores encontraram ossos espalhados a leste do sarcófago. A múmia de Djehutyemhat estava faltando, mas os especialistas acreditam que ele morreu jovem, com cerca de 25 anos de idade. Evidências de problemas de saúde ocupacional e osteoporose grave sugerem um estilo de vida sedentário.
Lamentavelmente, os ladrões provavelmente saquearam a tumba de Djehutyemhat no século V d.C., deixando poucos artefatos para trás. Entretanto, os arqueólogos descobriram uma coleção de cerâmica, incluindo tigelas e jarros.