Um estudo recente revelou uma descoberta interessante na parte escondida da Lua: cientistas encontraram uma grande área com material que emite calor enterrada nessa região lunar. A área em particular é formada por uma rocha incomum fora da Terra, o granito.
A pesquisa, publicada na revista Nature, conduzida por Matt Siegler do Instituto de Ciência Planetária e sua colega Rita Economos da Universidade Metodista do Sul, utilizou um novo método de medição das temperaturas subsuperficiais utilizando micro-ondas a partir dos orbitadores lunares chineses Chang’E 1 e 2, além dos dados fornecidos pelo Lunar Prospector e Lunar Reconnaissance Orbiters da NASA.
Os resultados foram surpreendentes. Os cientistas identificaram uma área em torno de 50 quilômetros onde a temperatura é cerca de 10 graus Celsius mais alta do que as regiões vizinhas. Essa região está localizada abaixo de uma cratera vulcânica colapsada com diâmetro aproximado de 20 km, que é rica em silício.
O vulcão responsável por essa anomalia térmica surpreendente não entra em erupção há impressionantes 3,5 bilhões de anos. No entanto, os pesquisadores acreditam que o magma ainda esteja presente abaixo da superfície lunar, emitindo radiação e causando esse aumento significativo na temperatura.
De acordo com Siegler, “Isso é mais parecido com a Terra do que imaginávamos que poderia ser produzido na Lua, que não tem a água e as placas tectônicas que ajudam os granitos a se formarem na Terra.”
Essa descoberta é incrivelmente interessante para a comunidade científica. O granito é uma rocha muito comum em nosso planeta, mas extremamente rara em outros lugares do sistema solar. Essa peculiaridade se deve ao fato de que a formação de granito requer água e movimentação das placas tectônicas, fenômenos ausentes na Lua e em outros corpos celestes.
Stephen M. Elardo, geoquímico da Universidade da Flórida, comentou sobre a importância dessa descoberta: “As pessoas não pensam duas vezes antes de ter uma bancada de granito na cozinha. Mas geologicamente falando, é muito difícil fazer granito sem água e placas tectônicas, e é por isso que realmente não vemos esse tipo de rocha em outros planetas. Então, se essa descoberta de Siegler e colegas se confirmar, será extremamente importante para como pensamos sobre o funcionamento interno de outros corpos rochosos no Sistema Solar.”
Essa nova informação obtida através das medições das temperaturas subsuperficiais traz uma perspectiva fascinante sobre a composição do lado oculto da Lua. A presença desse vulcão adormecido há bilhões de anos e sua capacidade de emitir radiação são evidências surpreendentes dos processos geológicos que ocorreram no passado lunar.