Um pequeno besouro de apenas 0,3 milímetros consegue voar tão rápido quanto insetos 3 vezes maiores que ele. Agora um conjunto de observações super precisas mostrou como estes besouros voam tão rápido – e economizam muita energia.
Como afirma a nova pesquisa, publicada na Nature, “a velocidade tem uma correlação positiva com o tamanho corporal nos animais”. Ou seja, quanto mais massa, maior tende a ser a velocidade, especialmente quando falamos de insetos voadores.
Contudo, as coisas ficam estranhas quando as dimensões começam a ficar microscópicas. Isso porque insetos voadores muito pequenos sofrem muito mais efeito da viscosidade do próprio ar. Além disso, o atrito entre as asas e o ar causa um custo imenso de energia para o bicho.
Acontece que os pequenos besouros da espécie Paratuposa placentis aprenderam a contornar esse problema. Agora, nesse sentido, pesquisadores observaram estes besouros com câmeras específicas para alta velocidade. As filmagens foram combinadas a modelos computacionais para traçar o trajeto das asas e do corpo dos insetos.
Como mostra o vídeo abaixo, o P. placentis tem um padrão incomum de batida de asas, formando algo como um “8” no ar. Além do mais, as asas desta espécie são modificadas e possuem cerdas ao invés de membranas. Segundo a pesquisa, isso permite um voo mais eficiente, reduzindo os efeitos do ar sobre as asas.
Filmando besouros minúsculos
Os autores capturaram os P. placentis desta pesquisa no Vietnam, primeiramente. Em seguida, a equipe colocou os animais em uma câmara transparente dentro do campo de visão de 4 câmeras sincronizadas, duas das quais tinham tecnologia para filmagem em altas velocidades.
Além do mais, a caixa com os besouros recebeu dois tipos de iluminação: laser e LED infravermelha, como mostra a imagem abaixo:
Os autores então criaram reconstruções tridimensionais do movimento das asas e aplicaram modelos computacionais para entender como as pequenas asas interagem com o ar.
Com as asinhas cheias de cerdas dos animais, a equipe descobriu que estes besouros conseguem ‘perfurar o ar‘ e mesmo as menores cerdas podem ter ramificações ainda menores.
Assim, o pequeno besouro tem um mecanismo completamente novo de voo a ser descoberto: dois golpes completos para baixo, que o impulsionam para cima, e dois golpes menores na direção oposta.
Segundo a pesquisa, ainda, esse mecanismo ajuda no entendimento de como insetos se adaptaram à miniaturização evolutiva sem acabarem tendo gastos absurdos de energia que os levariam rapidamente à extinção.