O Besouro de Ferro é quase impossível de esmagar; veja por quê

Amanda dos Santos
O diabólico besouro de ferro parece uma espécie de rocha. (DAVID KISAILUS)

Você pode passar com um carro em cima do besouro de ferro e ele irá sobreviver. Chocante, né? Mas a culpada são as microestruturas desse inseto, a armadura do besouro, tornando quase impossível esmagá-lo.

O besouro de ferro é como um minúsculo tanque. Seu exoesqueleto robusto não deixa que supostos predadores o mastiguem. Mas análises de imagens de microscópio, modelos impresso em 3D e simulações de computador da armadura do besouro revelaram alguns dos seus segredos. Os pesquisadores relatam na Nature suas estruturas fortemente interligadas e de absorção de impacto. As estruturas conectam peças do exoesqueleto do besouro e o ajudam a sobreviver a enormes forças de esmagamento.

Esses recursos podem inspirar designs novos e mais robustos para armaduras corporais, edifícios, pontes e veículos.

O ‘inquebrável’ besouro de ferro

Este besouro de ferro tem uma forma realmente difícil de esmagar e vive nas regiões desérticas do oeste da América do Norte.

David Kisailus, cientista de materiais da Universidade da Califórnia (Irvine), relata que ele é menos arredondado que o besouro da Namíbia, baixo no solo e plano no topo. Em experimentos de compressão, Kisailus e colegas descobriram que esse besouro pode suportar cerca de 39.000 vezes o seu próprio peso corporal.

Ou seja, isso seria equivalente a uma pessoa carregando uma pilha de cerca de 40 tanques de batalha M1 Abrams.

dentro do besouro
Esta fatia das costas de um besouro de ferro diabólico mostra os elos em forma de quebra-cabeça que conectam os lados esquerdo e direito de seu exoesqueleto. Essas saliências são firmemente interligadas e altamente resistentes a danos, ajudando a dar ao besouro sua incrível durabilidade. (DAVID KISAILUS)

Dentro do besouro de ferro, são duas as características microscópicas importantes que o ajudam a resistir a tudo e todos e não ser esmagado:

  • A primeira característica é a série de conexões entre as metades superior e inferior do exoesqueleto. São como duas metades de uma concha posicionadas uma em cima da outra. Assim, elas se encaixam.
    Mas essas conexões estriadas têm formas diferentes no corpo do besouro. Então, perto da frente do besouro, em torno de seus órgãos vitais, as cristas são altamente interconectadas, rígidas e resistem à flexão sob pressão. Já na parte de trás, as cristas conectivas não são tão interligadas, permitindo que as metades superior e inferior do exoesqueleto deslizem ligeiramente uma pela outra.
    É essa flexibilidade que ajuda o besouro a absorver a compressão em uma região do corpo mais segura de esmagar;
  • A segunda característica principal é uma junta rígida que percorre toda a extensão das costas do besouro e conecta os dois lados, esquerdo e direito. São os invólucros das asas externas do inseto, conhecidos como elytra.
    Uma série de saliências também, chamadas de lâminas, se encaixam como peças de quebra-cabeça para unir os dois lados.
    Essas lâminas têm camadas de tecido coladas por proteínas e são muito resistente a danos. Então, quando o besouro é esmagado, pequenas rachaduras se formam nessa cola de proteína entre as camadas de cada lâmina.
    São as pequenas fraturas curáveis que estão permitindo às lâminas a absorção dos impactos, sem quebrar completamente. Explica Jesus Rivera, engenheiro da UC Irvine.

A revelação da arquitetura biológica que torna os exoesqueletos de besouros revestidos de ferro quase intransponíveis pode ajudar os engenheiros a projetar estruturas mais resistente a impactos.

O estudo científico foi publicado no periódico Nature.

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