Jenni Lecky-Thompson, diretora da biblioteca da Universidade de Harvard estava tendo um dia normal, conferindo livros de ciências naturais do século XVII. Ao folhear o exemplar do “Teatro dos Insetos” de 1634, contudo, a bibliotecária encontrou um marca-páginas incomum. Entre as folhas antigas cuidadosamente preservadas estava um espécime de borboleta que pode ter mais de 400 anos – tão conservado quanto o próprio livro.
Especialistas do Trinity Hall afirmam que a borboleta pode ter a mesma idade que o próprio volume, que foi doado à biblioteca em 1996. O inseto permaneceu colorido e extremamente conservado ao longo dos anos no meio do livro. Ademais. o animal fora colocado ao lado da ilustração da espécie no volume, corroborando para a ideia de que a preservação do bicho não foi acidental.
Lawrence Strangman, vale ressaltar, foi um colecionador britânico e o dono do exemplar até os anos 80, quando ele faleceu. Após isso sua sobrinha doou parte da coleção de seu tio para as bibliotecas de Cambridge.
Não é incomum, por conseguinte, encontrar exemplares de plantas em meio a antigos livros de naturalistas. O próprio Alfred Russel Wallace o fazia enquanto propunha parte da Teoria da Evolução junto a Charles Darwin.
Conservação da borboleta por tanto tempo
Apesar do Trinity Hall afirmar que a borboleta possa, de fato, ter quase 400 anos de idade, nenhuma datação ainda comprovou isso. Todavia, colecionadores de livros tendem a preservar as páginas, retirando qualquer material que possa danificá-las – inclusive matéria orgânica.
De acordo com Lecky-Thompson, portanto, Strangman provavelmente não viu o inseto morto no meio das páginas, assim como os donos anteriores. por esse motivo o bicho pode ter ficado conservado por tanto tempo. Vale lembrar que livros antigos precisam ficar sob ambientes muito controlados para evitar a degradação de suas páginas. Isso pode ter facilitado, assim, a conservação da borboleta.
Lecky-Thompson também identificou a borboleta como sendo uma tortoiseshell, uma espécie laranjada pertencente à família Nymphalidae e registrada pela primeira vez pelo próprio Carl Von Lineu.