Marie Curie

Letícia Silva Jordão
Marie Curie em seu laboratório. Imagem: Bettmann/Getty Images

Marie Curie é uma das cientistas mais importantes de todos os tempos, sendo a pioneira no estudo da radiação e a primeira mulher a ganhar um Prêmio Nobel de Física em 1903, junto com seu marido Pierre Curie e Henri Becquerel, e depois em 1911 quando ela ganhou o Prêmio Nobel de Química.

Durante a sua vida, Marie focou seus estudos e trabalho na radiação, onde ela analisou suas propriedades e investigou seu potencial terapêutico. Porém, o contato constante com elementos radioativos a fez desenvolver uma doença de sangue que a matou em 1934.

Marie Curie sempre foi a primeira de sua turma

Nascida em 7 de novembro de 1867 em Varsóvia, na Polônia, com o nome de Marya Salome Sklodowska, Marie foi a filha caçula de 5 filhos, sendo que ela tinha três irmãs mais velhas e um irmão. Seus pais eram educadores da região, e sempre garantiram que suas filhas fossem educadas assim como seu filho.

Marie Curie deu a vida pela ciência 6
Estátua de Marie Curie com o elemento polônio, em Varsóvia. Imagem: aquartus/Shutterstock

Em 1878, a mãe de Marie, Bronislava, acabou falecendo de tuberculose, e esse evento a impactou profundamente, onde ela passou a não acreditar mais na benevolência de Deus. Mas, mesmo com a morte de sua mãe, Curie nunca largou os estudos, e concluiu o ensino médio em 1883 aos 15 anos como primeira da turma.

Aos 17 anos, Marie e sua irmã mais velha, Bronya, se mudaram para Paris a fim de cursar a faculdade, já que as universidades de Varsóvia não aceitavam mulheres. Marie Curie começou a trabalhar como governanta para ajudar a pagar a faculdade de medicina de sua irmã.

Curie continuou estudando por conta própria até 1891, quando se registrou na Sorbonne em Paris, assinando o seu nome como Marie, para parecer mais francesa. Durante a faculdade, Marie era uma aluna focada e exemplar, sendo a primeira da classe.

Por conta do seu ótimo desempenho, Marie recebeu a bolsa Alexandrovitch, que era destinada a estudantes poloneses que estudavam no exterior. Com a bolsa, ela pode pagar o restante das aulas para finalizar sua faculdade em física e ciências matemáticas em 1894.

Conhecendo Pierre Curie

Marie teve seu primeiro contato com Pierre Curie em uma pesquisa, onde um dos seus professores conseguiu uma bolsa para que ela estudasse as propriedades magnéticas e a composição química do aço.

Nessa pesquisa, ela conheceu Pierre, um talentoso pesquisador que estudou o campo da cristalografia e descobriu o efeito piezoelétrico, que acontece quando cargas elétricas são produzidas por compressão ou aplicações de estresse mecânico em certos cristais.

Pierre também foi o responsável por projetar diversos instrumentos que tinham como objetivo medir os campos magnéticos e a eletricidade. Marie e Pierre se casaram no verão de 1895.

Suas primeiras descobertas

A descoberta da radioatividade começou quando Marie Curie ficou intrigada com os relatórios sobre a descoberta do raio-X pelo físico alemão Wilhelm Röntgen, e pelo relatório do físico francês Henri Becquerel sobre os “raios Becquerel” emitidos por sais de urânio.

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Marie Curie (1867 – 1934), uma das únicas duas mulheres cientistas a ganhar um Nobel em física, mostrada aqui em seu laboratório com o marido e químico francês Pierre (1859 – 1906). Imagem: Hulton Archive / Getty Images

Isso fez com que ela realizasse seu primeiro experimento com urânio, onde ela revestiu duas placas de metal com uma fina camada desse elemento, e mediu a força dos raios produzidos pelo urânio com ferramentas projetadas pelo seu marido, que detectaram as correntes elétricas muito fracas geradas quando ar entre as placas era bombardeada com raios de urânio.

Com isso, ela descobriu que os compostos de urânio também emitem raios semelhantes, e que a força deles permanecia igual em seus estados líquidos e sólidos. Curie continuou testando mais compostos de urânio, e fez experimentos com um minério rico em urânio chamado pechblenda, que conseguiu emitir raios mais fortes do que os emitidos pelo urânio puro.

Marie suspeitou que isso acontecesse porque existia a presença de algum outro elemento ainda não identificado, então em 1898 Curie documentou todas as suas descobertas em um artigo, onde cunhou o termo “radioatividade”. Este artigo dizia que a medição da radioatividade permitia a descoberta de outros elementos, e que a ela era uma propriedade do átomo.

Marie e Pierre trabalharam em equipe para examinar as cargas de pechblenda, onde o casal conseguiu desenvolver novos protocolos para separar a pechblenda em seus componentes químicos. Dessa forma, eles descobriram que dois componentes, onde um era semelhante ao bismuto e outro ao bário, eram radioativos.

Em 1898, eles publicaram a sua conclusão sobre a pesquisa dizendo que o componente semelhante ao bismuto possuía um elemento radioativo que ainda não havia sido descoberto e que eles chamavam de polônio. No final do mesmo ano, o casal isolou um segundo elemento radioativo que chamavam de rádio, e em 1902 Marie e Pierre divulgaram o seu sucesso na extração de rádio purificado.

Após essa descoberta, Marie Curie foi a primeira mulher na França a defender sua tese de doutorado em 1903, e no final daquele ano, ela ganhou seu primeiro Prêmio Nobel de Física, ao lado de Pierre Curie e Henri Becquerel. O comitê de indicação se opôs em um primeiro momento a indicar uma mulher como ganhadora, mas Pierre insistiu que a pesquisa original era de sua esposa.

Pierre acabou falecendo em 1906 durante um trágico acidente com uma carroça puxada a cavalos. Após sua morte, Marie ocupou seu lugar de professor de física geral na faculdade de ciências de Sorbonne, sendo a primeira mulher a ocupar esse cargo.

Integrantes da Federação Brasileira para o Progresso Feminino – FBPF com Marie Curie, no Pão de Açúcar, Rio de Janeiro. Fundo: Federação Brasileira pelo Progresso Feminino.
Integrantes da Federação Brasileira para o Progresso Feminino – FBPF com Marie Curie, no Pão de Açúcar, Rio de Janeiro. Fundo: Federação Brasileira pelo Progresso Feminino.

Em 1911, Marie recebeu seu segundo Prêmio Nobel, desta vez na área de Química pela sua descoberta dos elementos polônio e rádio.

O fim da vida de Marie Curie

Conforme a sua pesquisa sobre radioatividade evoluía, os laboratórios de Marie se tornaram inadequados para suportar a radiação. Vendo isso, o governo austríaco aproveitou a oportunidade para recrutar Curie, e oferecer a ela a construção de uma laboratório de ponta, que permitisse a continuidade dos seus estudos.

Em julho de 1914, o Intuito de Rádio de Marie estava quase completo, mas sua pesquisa teve que ser suspensa quando a Primeira Guerra Mundial começou, onde Currie organizou uma frota de máquinas de raios-X para médicos no front.

Quando a guerra acabou, Marie trabalhou para conseguir ter o dinheiro para seu Instituto, mas em 1920 ela estava lidando com problemas sérios de saúde causados pela contínua exposição à radiação. Em 4 de julho de 1934, Marie Curie acabou morrendo de anemia aplástica, uma condição onde a medula óssea não consegue mais produzir novas células sanguíneas.

Marie Curie foi enterrada ao lado de seu marido em Sceaux, uma comuna ao sul de Paris. Em 1995 seus restos mortais foram removidos do local e enterrados no Panteão de Paris, ao lado dos maiores cidadãos da França.

O casal Curie recebeu uma homenagem em 1944, quando o 96º elemento da tabela periódica foi descoberto e chamado de “cúrio”.

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