Tempestade solar de 10 de maio é a mais forte desde 2003

SoCientífica
Imagem/Reprodução: Folha de São Paulo

Em 10 de maio, uma tempestade solar, a mais intensa em mais de duas décadas, atingiu a Terra, provocando espetáculos luminosos raros nos céus de países como Argentina, Chile, Uruguai, Irlanda e Portugal. Essa tempestade geomagnética severa, antecipada em algumas horas pelas explosões solares, foi confirmada pela Administração Oceânica e Atmosférica Nacional dos Estados Unidos (NOAA), que emitiu um alerta de intensidade rara. Os efeitos foram sentidos durante o fim de semana e há previsões de que podem continuar na próxima semana.

A agitação solar trouxe consigo múltiplas ejeções de massa coronal (EMCs) — grandes expulsões de plasma e campos magnéticos do Sol — causando um alerta de tempestade geomagnética extrema, situação que não ocorria desde as tempestades de Halloween em outubro de 2003, que resultaram em apagões na Suécia e danos à infraestrutura energética na África do Sul.

Diferentemente das erupções solares que chegam à Terra à velocidade da luz, as EMCs viajam a uma velocidade mais lenta e já partiram de uma mancha solar gigantesca, 17 vezes maior que a Terra, indicando que o Sol se aproxima do pico de um ciclo de 11 anos de atividade intensificada.

Segundo Mathew Owens, um renomado professor de física espacial da Universidade de Reading, disse à AFP que os efeitos serão sentidos mais nas latitudes norte e sul do planeta. O alcance desses efeitos, enfatiza ele, dependerá da força final da tempestade. “Minha sugestão é ir para fora e olhar, porque, se você ver a aurora, será algo muito espetacular”, ele adiciona. Durante o dia, se as pessoas possuírem óculos de eclipse, também poderão buscar aglomerados de manchas solares.

Na América do Sul, os locais mais ao sul, especialmente no Chile e na Argentina, têm maiores chances de presenciar auroras. Existem relatos de avistamento de auroras até no Uruguai, o que sugere que o extremo sul do Brasil também pode eventualmente testemunhar esse fenômeno.

Brent Gordon, da NOAA, encorajou o público a tentar tirar fotos do céu noturno com câmeras de smartphones, mesmo que as auroras não sejam visíveis a olho nu. “Basta ir até o seu quintal e tirar uma foto com os celulares mais recentes; você ficará surpreso com o que essas fotos mostram em comparação com a visão a olho nu”, ele aponta.

O Evento Carrington, ocorrido em setembro de 1859, é o mais poderoso evento geomagnético já registrado. Nomeado em homenagem ao astrônomo britânico Richard Carrington, ele provocou correntes excessivas em linhas de telégrafo, resultando em choques elétricos em técnicos e incêndios em equipamentos.

Atualmente, a NASA monitora de perto a atividade solar com satélites especializados. Antti Pulkkinen, chefe da divisão de ciências heliofísicas da agência espacial americana, mencionou que dispositivos extremamente sensíveis podem ser desativados para evitar danos.

A atual atividade solar está sendo minuciosamente monitorada por meio de várias espaçonaves especializadas em observação solar. Pulkkinen expressou entusiasmo com o evento corrente: “É exatamente esse tipo de fenômeno que desejamos observar”.

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