Na semana passada, eu classifiquei, em uma lista, as tempestades solares como uma das 7 coisas mais aterrorizantes do espaço (leia aqui). Mas será que uma tempestade solar poderia destruir a Terra?
O que são as tempestades solares?
Se você é um fiel leitor da SoCientífica, já ouviu falar em tempestades ou explosões solares. São um assunto recorrente por aqui. As tempestades solares fazem parte de nosso dia a dia. Ventos solares passam pela Terra o tempo todo, e causam danos em satélites com uma certa frequencia.
O Sol funde átomos de hidrogênio e outros átomos em novos elementos. É dessa maneira que ele libera seu calor para o espaço. O calor do Sol na Terra é essencial para a vida. Mas algumas vezes esse calor pode ser um tanto perigoso para nós.
Uma tempestade solar poderia destruir a Terra. Quer dizer, não exatamente a Terra. Mas esse não é o ponto ainda. O que quero dizer é que uma tempestade solar pode trazer consequências negativas, mas elas são muito comuns e acontecem o tempo todo. O nome é um tanto amedrontador, mas elas não são o fim do mundo.
Conforme o Sol vai trabalhando, uma energia se acumula em seu organizadamente caótico campo magnético. Às vezes, liberações de plasma e energia em sua superfície e seu campo magnético ocorrem, e essas são as erupções solares. Mas também ocorrem as tempestades.
Na Terra, nós possuímos uma proteção natural contra essas explosões solares. É o nosso campo magnético. Essas partículas liberadas pelo Sol são extremamente carregadas. Então, ao interagir com o campo magnético da Terra, são freados ou desviados, e apenas uma pequena parte dessa energia adentra a biosfera. A interação dessas partículas com o campo magnético é o que causa as auroras.
Uma tempestade solar poderia destruir a Terra?
1972, Vietnã. Dezenas de minas marítimas na costa do Vietnã explodiram misteriosamente. Mais tarde, essas explosões foram atribuídas à influência de uma forte tempestade solar. Naquele dia, nos Estados Unidos e no Reino Unido as auroras foram visíveis — o fenômeno, em condições normais, ocorrem apenas nos polos.
1859, redes elétricas e telegráficas faíscam e se incendeiam. Auroras boreais são vistas dos países tropicais. Alguns dias antes, astrônomos de todo o mundo haviam visto algumas manchas aumentando no Sol. Essas manchas significam instabilidade naquela área. Essa foi a tempestade solar mais forte a atingir a Terra já registrada, a Evento Carrington.
Agora vamos à questão principal – uma tempestade solar poderia destruir a Terra?
Destruir a Terra, não. A Terra é um pedaço de rocha muito forte para um ventinho solar causar algo. Vamos mudar a pergunta. Uma tempestade solar poderia causar um apocalipse? Sim. Então, uma tempestade solar poderia destruir a Terra, mas indiretamente.
Uma tempestade solar forte o suficiente poderia queimar redes elétricas e de internet pelo mundo inteiro, além de computadores e smartphones. Isso seria um apocalipse, dependendo do tamanho do dano causado. Hoje, não vivemos sem eletricidade nem internet. Elas são essenciais não só para o lazer, mas para serviços básicos, como o saneamento, a saúde, a educação e a governança.
No entanto, o Evento Carrington não demonstrou danos perceptíveis na saúde das pessoas. Portanto, os humanos ficariam bem. O campo magnético da Terra não deixaria adentrar na atmosfera radiação suficiente para causar danos à saúde, pelo lado bom. Para isso, precisaríamos de algo mais violento, como uma estrela que explodiu há 359 milhões de anos em uma supernova, a 65 anos-luz de distância da Terra e possivelmente dizimou 70% dos invertebrados da Terra, tamanha incidência de luz ultravioleta resultante da morte da estrela. Mas fique tranquilo, pois nada semelhante atingirá a Terra nos próximos milhões de anos.
Portanto, a destruição que uma enorme tempestade solar causaria é indireta. Segundo a BBC, somente no Reino Unido, uma tempestade solar grande causaria danos de mais de mais de 120 bilhões de reais. Imagine o custo para o mundo. Não é verdade que uma tempestade solar poderia destruir a Terra, mas com certeza nos causaria um grande atraso.