Cérebros de aves detectam campos magnéticos com um simples acionar de interruptor

Elisson Amboni
Imagem: eBird

Os pássaros migratórios, dotados da capacidade de sentir o campo magnético do planeta, podem ligar e desligar seu auxílio neurológico de navegação conforme necessário. Pesquisadores canadenses e americanos descobriram que pardais-de-garganta-branca (Zonotrichia albicollis) ativam uma parte específica do cérebro durante a migração, colocando-a em modo dormente ao descansarem.

Esta região cerebral é conhecida como “aglomerado N”. Ela tem papel crucial na navegação aviária. Porém, ainda falta clareza sobre sua utilização entre as espécies ou se sua ativação e desativação ocorrem automaticamente.

Madeleine Brodbeck, estudante de pós-graduação em psicologia na Universidade de Western Ontario, afirma: “Esta região do cérebro é fundamental para ativar a bússola geomagnética dos pássaros canoros quando migram à noite.”

Os pesquisadores, em um artigo na European Journal of Neuroscience, analisaram pardais-de-garganta-branca em repouso diurno e noturno, bem como em inquietação noturna – determinada pelo aumento da atividade das aves. Eles descobriram que a ativação do aglomerado N estava associada à inquietação migratória. Esta ativação não depende do horário do dia.

Isso amplia nosso entendimento sobre como pássaros e outros animais usam o campo magnético terrestre para se orientarem. Este fenômeno pode ser simples como um leve puxão de partículas magnéticas ou complexo como uma interação quântica.

Brodbeck destaca: “Os campos magnéticos são invisíveis aos humanos, mas muitos animais percebem-nos.”

A capacidade dos pássaros ativarem essa parte do cérebro é fascinante e ajuda na orientação e migração. Este estudo eleva nossa compreensão acerca disso enquanto nos lembra que nossas cidades podem interferir nesses processos naturais.

Ao compreendermos melhor os padrões dos animais, podemos ajudá-los mais efetivamente. Há ainda muito a aprender sobre o aglomerado N no cérebro das aves em pesquisas futuras.

O biólogo Scott MacDougall-Shackleton explica: “Os pássaros não se guiam apenas pela bússola magnética. Eles também usam o Sol e as estrelas para se orientarem.”

Iluminações noturnas ou reflexo nas janelas podem confundir suas rotas migratórias. Com esses estudos, podemos entender melhor as percepções dos animais durante a migração e minimizar nosso impacto.

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