Uma estranha anomalia está enfraquecendo o campo magnético da Terra

Erik Behenck
Pesquisadores da ESA estão intrigados com a Anomalia do Atlântico Sul. Imagem: Divisão de Geomagnetismo, Espaço DTU

O campo magnético da Terra continua sendo afetado por uma anomalia misteriosa, flagrada por um satélite da Agência Espacial Europeia (ESA). Aliás, os dados coletadas indicam que o fenômeno estranho tem se agravado nos últimos tempos.

A Anomalia do Atlântico Sul se estende desde a América do sul até o sudoeste da África, sendo uma vasta extensão de intensidade magnética reduzida. O campo magnético da Terra atua como se fosse um escudo protegendo o planeta de ventos solares e da radiação cósmica, por isso qualquer alteração precisa de monitoramento.

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Por enquanto, não há nada de preocupante, indica a ESA. Entretanto, os principais efeitos podem causar falhas nos satélites e nas naves espaciais, que podem ser expostos a uma maior quantidade de partículas carregadas. Isso desde que passem nos céus do Oceano Atlântico Sul.

O campo magnético da Terra está mais fraco?

Pesquisas indicam que durante os últimos dois séculos o campo magnético da Terra reduziu cerca de 9%. Além disso, somente nos últimos 50 anos a redução foi de 24.000 nanoteslas para 22.000 nanoteslas. Isso foi auxiliado pela Anomalia do Atlântico Sul.

Entretanto, os pesquisadores da ESA ainda não conseguiram identificar porque essa condição está acontecendo. Mas, eles sabem que o campo magnético da Terra é produzido por correntes elétricas geradas dentro do núcleo externo de nosso planeta. E embora a condição seja estável, em escalas de tempo existem alterações.

Alterações como essa são normais

Estudos indicaram que o campo magnético da Terra constantemente sofre alterações, mudando a cada centenas de milhares de anos. Além disso, os polos magnéticos norte e sul costumam trocar de lugar.

A questão é que os pesquisadores não conseguem fazer a junção dessa condição com a Anomalia do Atlântico Sul, que poderia ser causada por um reservatório de rochas densas na África. Mas, eles sabem que a anomalia não está parada e desde 1970 vem se movendo para oeste, numa velocidade de 20 quilômetros por ano.

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Nos últimos 5 anos um segundo centro de intensidade mínima começou a se abrir dentro da anomalia, fato indicado pelo satélite Swarm, da ESA. Assim, pode ser um procedimento para que a anomalia se divida em duas células separadas, com o original acima da América do Sul e a nova célula chegando ao sudoeste da África.

“O novo mínimo oriental da Anomalia do Atlântico Sul apareceu na última década e, nos últimos anos, está se desenvolvendo vigorosamente”, diz o geofísico Jürgen Matzka, do Centro Alemão de Pesquisa em Geociências.

Os pesquisadores adotam como desafio a compreensão dos processos que acontecem no núcleo da Terra e que permitem essas mudanças. Por enquanto eles ainda não sabem quais serão os próximos passos da anomalia, mas sugerem que um evento como este é comum, se pensarmos ao longo de centenas de anos.

De fato, os cientistas vão continuar analisando essa anomalia, até que tudo fique mais claro e respostas sejam dadas.

Acesse o site da ESA para saber mais.

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