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Planeta Terra

Árvores são ameaça incomum para papagaio mais afetado da Austrália

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A Austrália é um dos países com os piores registros de extinções do mundo. Nesse sentido, a maioria das ameaças às espécies nativas vem de predadores selvagens invasores, como gatos e raposas, ou de espécies herbívoras não nativas, como porcos, camelos e cabras. No entanto, para o papagaio-de-ombros-dourados a realidade é outra: a ameaça é bastante incomum.

As árvores e os arbustos nativos representam um risco à sobrevivência dessa espécie, que já é uma das espécies de aves mais ameaçadas da Austrália.

O papagaio mais ameaçado da Austrália enfrenta uma ameaça incomum: as árvores

Como árvores nativas têm se tornado uma ameaça incomum para o papagaio mais ameaçado da Austrália? Por uma questão “simples”: a vegetação nativa bloqueia a capacidade das aves de ver os predadores que se aproximam.

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As pastagens de savana permitem longas linhas de visão para papagaios machos verem a aproximação dos predadores. Contudo, a savana foi sufocada por árvores e arbustos nativos, principalmente a árvore do chá de folhas largas (Melaleuca viridiflora), que prosperou como resultado de décadas de incêndios nocivos e práticas de pastoreio.

Perigo iminente

O efeito negativo das árvores nesse sentido é que elas bloqueiam a visão dos sentinelas machos na medida em que eles não conseguem ver a aproximação dos predadores que em grande parte são aves carniceiras, aves de rapina ou grandes lagartos chamados goannas.

Dessa forma, com o número de papagaios-de-ombros-dourados perigosamente baixo e em declínio, com o perigo iminente de extinção, a espécie não pode perder sequer uma fêmea, sobretudo porque as fêmeas são reprodutoras.

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Um dado preocupante assinalado em um novo estudo mais abrangente — o Plano de Ação para as Aves Australianas 2020 — informa que apenas 700, e não mais que 1100 papagaios-de-ombros-dourados, sobrevivem na natureza.

Redefinição da paisagem

De forma evidente, a sobrevivência desses psitacídeos depende da redefinição da paisagem. Obviamente, o processo é complexo e envolve diversos fatores. Para que seja possível redefinir a paisagem, é necessário o desmatamento das árvores nativas e não da vegetação invasiva, como uma forma de tentar salvar o papagaio. Nesse cenário, este é o maior projeto de restauração de pastagens nos trópicos australianos e uma das últimas chances para o papagaio-de-ombros-dourados, mas ninguém sabe se o projeto vai funcionar, ainda.

Populações resilientes

Em 1922, o colecionador de aves William McLennan passou por uma área ao norte de Artemis – uma fazenda de gado ao extremo norte da Austrália – e descobriu que quase todos os cupinzeiros apresentavam evidências de atividade de papagaios de ombros dourados.

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Entretanto, o alcance do papagaio-de-ombros-dourado foi drasticamente reduzido no século seguinte. Dessa maneira, apenas duas populações permanecem: uma estabelecida no Artemis de 483 milhas quadradas no norte e a outra no remoto Staaten River National Park, cerca de 160 quilômetros a sudoeste.

De acordo com Steve Murphy, ecologista e principal autoridade sobre a espécie, “havia cerca de 300 aves em Artemis na década de 1990. Agora são cerca de 50.”

Murphy descreve as dificuldades que as aves estão enfrentando como “uma complexa interação entre o fogo e o pasto do gado.”

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O trabalho já começou

Com o objetivo de limpar a vegetação nativa e restaurar as pastagens em Artemis, Murphy e Sue e Tom Shephard, cuja família é proprietária de Artemis desde 1911, precisavam de permissão do Departamento de Meio Ambiente e Proteção do Patrimônio local. Porém, o departamento não queria abrir um precedente que permitiria que fazendeiros e criadores de gado limpassem a vegetação nativa em outros lugares. Mas em julho de 2021, dois anos após o pedido inicial, o departamento aprovou o pedido de desmatamento.

Desse modo, a equipe de Murphy começou removendo a vegetação de trechos selecionados da antiga savana, realizando a redefinição que ele acreditava ser um precursor da restauração do habitat de pastagens de que os psitacídeos precisavam.

Vale salientar que tanto o gado quanto os papagaios dependerão das pastagens restauradas. Então, se manejados adequadamente por meio de queimadas controladas e estratégias como pastoreio rotativo, os dois podem viver juntos.

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Assim sendo, Murphy conclui que “Pode ser que tenhamos chegado tarde demais e isso deveria ter sido feito há dez anos […] Mas sabemos o que precisamos fazer para salvar esses papagaios.”

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