Erupção do vulcão Tonga foi tão forte que provocou fenômeno atmosférico

Mateus Marchetto
Imagem: jplenio / Pixabay

O vulcão Hunga Tonga-Hunga Ha’apai fica no Pacífico Sul, logo acima da Nova Zelândia. Apesar de isolado, no dia 15 de janeiro deste ano, o vulcão Tonga teve uma erupção que causou tsunamis e efeitos ao redor de todo o planeta.

De acordo com estimativas e observações, a erupção foi abrupta e, portanto, pode ter sido 500 vezes mais forte que a bomba atômica que atingiu Hiroshima, por exemplo.

Além disso, a erupção do vulcão Tonga causou a formação de uma onda de energia que viajou o planeta horizontalmente, seguindo a curvatura da Terra. Essa onda se propagou a mais de 1000 quilômetros por hora e deu a volta no planeta em apenas 35 horas.

Como veremos a seguir, a explosão do Tonga fez com que a atmosfera ao seu redor ressoasse como um instrumento. Porém, a frequência dessa ressonância é muito baixa, o que torna a passagem da onda imperceptível aos ouvidos humanos.

Observações infravermelhas de satélite capturaram o pulso se propagando ao redor do mundo. Imagem: Mathew Barlow/Universidade de Massachusetts Lowell

O vulcão Tonga fica em uma área intensa de atividade sísmica e a erupção recente causou tsunamis e tempestades de cinzas nas ilhas próximas. Alertas de tsunami foram ativados até no Japão e no Chile devido à intensidade da erupção.

O Tonga tem discretos 100 metros de altitude fora da superfície, mas tem 1800 metros de altitude abaixo d’água. A caldeira deste vulcão, aliás, fica embaixo d’água e, portanto, a liberação do magma aconteceu direto no oceano. O contato do magma com o oceano frio gerou sucessivas explosões cada vez maiores e com velocidades supersônicas.

Fenômeno atmosférico previsto há mais de 200 anos

Em 1883, a explosão do vulcão Krakatoa, na Indonésia, gerou uma onda de pressão que percorreu o planeta inteiro pelo menos três vezes. Essas ondas, aliás, foram do mesmo tipo que aquelas geradas agora pelo Tonga.

A explosão, basicamente, causa uma variação de pressão que desloca o ar a velocidades altíssimas. Essa mudança de pressão e deslocamento do ar então se propagam por milhares de quilômetros, variando de explosão para explosão.

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Imagem: NASA – Jesse Allen / Wikipedia Commons

O que acontece é que essas ondas viajam apenas horizontalmente e seguindo a curvatura da Terra. Pierre-Simon Laplace, não obstante, o famoso matemático francês, previu esse padrão de deslocamento das ondas na atmosfera há mais de 200 anos.

Laplace descobriu que, a níveis globais, a gravidade e o empuxo da atmosfera favorecem a propagação destas ondas horizontais. Estas ondas, então, se propagam mais ou menos como as ondas de um lago, quando uma pedra o atinge.

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