Erupção do vulcão em Tonga foi um evento milenar

Lorena Franqueto
A terrível erupção do vulcão em Tonga. Imagem: CIRA/NOAA/Divulgação via REUTERS.

No dia 15 de janeiro deste ano, um vulcão ao norte de Nuku’alofa, capital de país na Oceania, explodiu com forças violentas. As imagens de satélite registraram uma nuvem de cinzas em forma de cogumelo subindo cerca de 30km de altura. Porém, as autoridades ainda puderam analisar plenamente os danos de tal explosão. Segundo especialistas, a erupção do vulcão em Tonga foi a mais poderosa em milênios. Em 17/01/2022, a Nova Zelândia enviou um de seus aviões da força aérea para avaliar danos e auxiliar a população, mas ainda não há relatos dos resultados encontrados.

O vulcão, chamado de Hunga Tonga-Hunga Ha’apai, tem 1,8 km de altura e 20 km de largura, mas a maior parte dele está debaixo d’água, são apenas 100 metros superiores. Outros eventos já foram registrados em 2009, 2014 e 2015, porém nenhum deles semelhante ao atual.

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Imagem: Serviços Geológicos de Tonga.

Segundo as observações do especialista Shane Cronin, apenas duas outras megaexplosões aconteceram na região por volta de 1100 d.C. e 200 d. C. Isto é, as evidências sugerem que uma grande erupção do vulcão em Tonga ocorre a cada 1000 anos, aproximadamente.

Por que a explosão foi tão impactante?

Geralmente, quando o magna sobe lentamente, mesmo em altas temperaturas (cerca de 1.200ºC), uma fina camada de vapor se forma entre a água e o magma. Com isso, surge uma camada de isolamento, na qual a superfície do magma sofre um grande resfriamento e provoca poucos danos.

Já em grandes erupções, o gás vulcânico acompanha o processo e, portanto, o magma é expelido rapidamente. Dessa forma, ocorre uma perda na camada de vapor e é impossível que a água do mar resfrie o magna plenamente, por isso, gera-se uma erupção altamente explosiva.

Nas pesquisas de Cronin, as análises revelaram uma grande caldeira escondida cerca de 150 metros abaixo da água, além de um cone vulcânico gerado pelas erupções de 2014/15. Essa caldeira assemelha-se a uma cratera, possuindo 5km de diâmetro.

Segundo os autores do artigo, as pequenas erupções de 2009, 2014/15 ocorreram nas bordas dessa “pequena” caldeira” e, por isso, não atingiram escalas tão catastróficas. Enquanto o eventos de 2022, vieram do centro da própria caldeira, sendo assim mais perigosas.

Sendo assim, a combinação da quebra na camada de vapor e a localização das explosões explicam a intensidade da erupção vulcânica em Tonga.

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Imagem: Shane Cronin.

Quais as consequências da erupção do vulcão em Tonga?

Logo após a explosão, uma onda atingiu 1,19 metros em Tonga, segundo a Universidade de Newcastle na Austrália. E outras cidades vizinhas, como Fiji e Samoa, também sofreram tsunamis.

Assim, alguns vídeos postados em redes sociais mostraram as ondas atingindo casas e também a explosão do vulcão. Inclusive, o som da explosão chegou em Fiji, na Nova Zelândia, e até no Alasca, a mais de 9 mil km de distância!

Além disso, sensores atmosféricos detectaram altas quantidades de dióxido de enxofre após na explosão e, com isso, as cidades de Tonga e Fiji possivelmente sofrerão episódio de chuva ácida.

Tendo em vista a capacidade a atividade vulcânica, novos tsunamis acontecerão na região, bem como talvez alguma nova explosão.

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