Crianças descobrem fóssil de pinguim gigante na Nova Zelândia

Mateus Marchetto
Imagem: Simone Giovanardi

Com predadores terrestres quase nulos, a Nova Zelândia é um santuário de aves no planeta. E assim foi por muitos milhões de anos. Não à toa, crianças descobriram um fóssil de uma nova espécie de pinguim gigante que acaba de ser descrita por pesquisadores.

Ainda em 2006, um grupo de crianças em idade escolar do Hamilton Junior Naturalist Club fizeram uma viagem de campo ao porto de Kawhia para procurar fósseis e explorar a natureza. Em uma rocha solidificada de siltito, as crianças – lideradas pelo especialista Chris Templer – encontraram um fóssil que parecia ser de um pinguim gigante pré-histórico.

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Imagem: Public Co / Pixabay 

Agora um paper publicado no periódico Journal of Vertebrate Paleontology não só descreve o fóssil, como registra a descoberta de uma nova espécie de pinguim gigante na Nova Zelândia. De acordo com a pesquisa, o fóssil data entre 27,3 e 34,6 milhões de anos e contém a espécie agora batizada de Kairuku waewaeroa.

Ainda, a nova espécie é bastante semelhante a outro pinguim gigante da Nova Zelândia, também do gênero Kairuku. No entanto, o K. waewaeroa tem pernas muito mais longas do que o seu parente anteriormente classificado por pesquisadores. De acordo com a pesquisa, esta nova espécie poderia ter até 1,4m de altura e suas pernas longas poderiam influenciar drasticamente no nado e caminhar.

Steffan Safey, que estava entre as crianças do Hamilton Junior Naturalist Club, afirma ao Taylor & Francis: “É meio que surreal saber que uma descoberta que nós fizemos quando crianças tantos anos atrás está contribuindo para a academia hoje. E é uma nova espécie, inclusive!”

Surgimento do pinguim gigante e outras aves neozelandesas

Tanto a Nova Zelândia quanto a Austrália possuem uma fauna altamente diversa. Isso ocorre principalmente devido ao isolamento geográfico que essas ilhas enfrentaram nos últimos milhões de anos. Como dito, a Nova Zelândia possui pouquíssimos predadores terrestres, além das espécies invasoras. Essa pode ser a chave, portanto, para aves gigantes.

Além desta espécie, pesquisadores já encontraram ao menos outros 10 pinguins gigantes – fossilizados, claro – neozelandeses. Para além disso, águias de mais de 3 metros de envergadura e Moas da altura de árvores circularam pelas terras da Nova Zelândia há milhões de anos.

Especificamente os pinguins e seus ancestrais são bastante antigos, em comparação a outras aves modernas. Pouco depois da extinção dos dinossauros, alguns pinguins gigantes já estava explorando os mares pré-históricos do planeta.

Pesquisadores suspeitam que a extinção dos grandes répteis marinhos pode ter facilitado esse desenvolvimento do pinguim gigante. Contudo, depois que os tubarões e baleias caçadoras começaram a crescer demais, os pinguins acabaram com hábitats mais restritos.

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Imagem: Rethinktwice / Pixabay 

Assim, a Nova Zelândia pode ter sido um recanto de aves devido à facilidade do cuidado com os filhotes e abundância de recursos naturais. Vale lembrar que predadores terrestres, como ratos, cobras e lagartos, frequentemente comem os ovos de pássaros e aves terrestres.

Certamente a descoberta reforça a importância do incentivo à curiosidade e à ciência desde a infância. A doutora Esther Dale, também descobridora infantil do fóssil ( e agora especialista em ecologia) afirma:

“É emocionante o suficiente estar envolvida na descoberta de um fóssil tão grande e relativamente completo de um pinguim, para não falar da nova espécie! Estou animada para ver o que podemos aprender com isso sobre a evolução dos pinguins e da vida na Nova Zelândia.”

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