Tubarões se orientam pelo campo magnético da Terra

Mateus Marchetto
Pesquisadores mostraram que tubarões podem se orientar pelo campo magnético da Terra. Imagem: Took/Pixabay

Há vários anos cientistas suspeitam e encontram mais evidências de que as aves se orientam pelo campo magnético da Terra. Ademais, outras pesquisas mostraram que tartarugas marinhas também usam esse recurso para voltar a suas praias de origem. Todavia, uma nova pesquisa acaba de mostrar que tubarões também podem usar o campo magnético para viajar longas distâncias.

Para verificar isso, pesquisadores da Universidade do Estado da Flórida precisaram criar uma engenhoca digna de um filme sci-fi. Bryan Keller e sua equipe criaram uma estrutura de madeira de três metros cúbicos ao redor de um tanque de água. Nessa estrutura, parecida com uma grade, vários imãs poderiam ser ligados e desligados para formar diferentes campos magnéticos ao redor da piscina.

Por fim, os biólogos capturaram 20 tubarões-de-pala, uma pequena espécie de tubarão-martelo da costa do Golfo da Flórida. Esses predadores têm menos de um metro quando adultos, mas podem viajar centenas de quilômetros, retornando à costa natal todos os anos para reprodução.

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Imagem: Keller et al, Current Biology 202

Colocando um tubarão por vez no tanque, os pesquisadores analisaram os movimentos e direção do nado do bicho, conforme mudavam a orientação do campo magnético na piscina. Com esse campo magnético fake os pesquisadores conseguiram, por exemplo, simular a orientação magnética do Tennessee.

Como dá para imaginar, isso deixou os tubarões bem confusos e os autores suspeitam que isso ocorre pelos bichos nunca terem passado por essa configuração magnética. Vale lembrar que o Tennessee não possui saídas para o mar, e fica localizado acima do Alabama.

Ambientes desconhecidos para tubarões

Apesar da confusão dos campos magnéticos, quando os tubarões passaram pela simulação de um campo magnético conhecido, do Oceano Pacífico, os animais apresentaram um padrão de nado estatisticamente semelhante. Para avaliar o nado dos tubarões, inclusive, os pesquisadores posicionaram uma GoPro no topo da estrutura.

Outros tubarões, como o tubarão-branco, também podem realizar viagens de longa distância, às vezes cruzando oceanos inteiros. Contudo, por muitos anos as evidências de uma orientação magnética permaneceram obscuras. Os autores ressaltam que isso pode ter acontecido pela dificuldade em estudar tubarões.

Essa dificuldade, por conseguinte, vem do fato que tubarões – principalmente espécies maiores, não se comportam bem em ambientes confinados. Por esse motivo, por exemplo, nenhum grande aquário no mundo possui tubarões-brancos: todos morreram nos primeiros dias ou meses dentro do aquário.

Por esse motivo, assim, a escolha dos tubarões-de-pala, pequenos e longos viajantes. Apesar disso os autores ressaltam a necessidade de mais estudos e evidências para reforçar a hipótese desse GPS natural.

O estudo está disponível no periódico Current Biology.

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