Por anos a ideia de um apocalipse zumbi tem flutuado no imaginário popular, veiculada por séries, livros e filmes. Tipicamente, a cultura pop retrata zumbis como humanos infectados por vírus, bactérias ou fungos que alteram o sistema nervoso dos hospedeiros, tornando-os famintos, violentos e inconscientes. Conheça agora a biologia por trás dos zumbis, e alguns exemplos da natureza.
Alguns exemplos de zumbis na natureza
Muitos parasitas tendem a tornar suas vítimas mais inconsequentes. Evidentemente, isso não é uma escolha do parasita, e sim uma característica selecionada após milhões de anos de evolução parasita-hospedeiro. Acontece que um parasita suga a energia de seu hospedeiro de diversas formas. A vítima então precisa buscar por mais comida e mais recursos de forma cada vez mais desesperada, o que a torna vulnerável.
Isso acontece com o protozoário Toxoplasma gondii, por exemplo. O parasita só se reproduz sexualmente em intestinos de felinos, mas pode infectar outros mamíferos. Acontece que pesquisadores descobriram que o T. gondii diminui o senso de perigo em ratos – o que torna o roedor uma presa fácil, e leva o parasita para a barriga de felinos.
Os fungos do gênero Ophiocordyceps tendem a modificar o comportamento dos seus hospedeiros também. De modo geral, esses fungos infectam insetos e dependem da propagação de seus esporos para garantir a reprodução. Contudo, a espécie Ophiocordyceps unilateralis faz com que formigas sejam impelidas a subir em lugares altos na vegetação, onde os esporos do parasita podem se espalhar mais facilmente.
Larvas de vespas do gênero Zatypota também podem modificar o comportamento de aranhas para que essas se enrolem em suas próprias teias e virem presas fáceis para as vespas recém-nascidas. Em ambos os casos, os parasitas interferem na produção de hormônios ou na sinalização do cérebro, o que leva a esses comportamentos.
Um apocalipse zumbi é uma preocupação real?
Em seres humanos, o vírus da raiva é o que provavelmente causa sintomas mais próximos do que vemos na ficção. Ainda assim, as situações são muito diferentes. Após infectar um hospedeiro – mamíferos de forma geral – o vírus da raiva progride lentamente para o sistema nervoso. Uma vez que a infecção desse tecido ocorra, a taxa de mortalidade beira 100%.
A infecção pela raiva causa a impossibilidade de beber água, além de alucinações e comportamento violento. A transmissão ocorre pela mordida de um animal infectado ou contato com fluídos contendo o vírus.
Apesar disso, doenças que causam esse tipo de reação são relativamente raras e não são a principal preocupação mundial para a saúde coletiva. A destruição de hábitats naturais tem um potencial gigante de expor comunidades a microrganismos desconhecidos, letais e infecciosos (vide a pandemia de SARS-CoV-2). Eventualmente, algum destes organismos pode desencadear um apocalipse zumbi. O mais provável, no entanto, é que tenhamos que lidar com novas pandemias, talvez mais problemáticas do que a da Covid-19.