O tato é um sentido bastante refinado do corpo humano. Por mais que imperceptível muitas vezes, a ponta dos dedos pode registrar variações mínimas em uma superfície. Nesse sentido, uma pesquisa acabou de demonstrar que os dedos podem perceber mudanças de apenas um átomo na molécula de um determinado material.
Para isso, pesquisadores da Universidade de Delaware utilizaram microcamadas de silano, uma material derivado do silício para testar a sensibilidade dos dedos. Os pesquisadores colocaram essas camadas únicas de silano em cima de uma superfície mais lisa do que a percepção humana. Isso para evitar a confusão com o material que estava sendo testado.
Após isso, uma pessoa voluntária passava o dedo sobre a superfície e a partir disso os autores realizaram análises matemáticas acerca das respostas. Acontece que em 68% dos casos, o tato dos dedos conseguiu diferenciar materiais muito semelhantes.
Alguns desses materiais testados (silano com pequenas variações) mudavam apenas em um átomo. Por exemplo, ocorria uma troca na molécula entre um átomo de nitrogênio e um de carbono. De forma impressionante os pesquisadores puderam concluir, portanto, que os dedos conseguem distinguir mesmo essa troca de apenas um átomo dentro da molécula do material.
O estudo mostra, por conseguinte, que partes do corpo humano podem perceber não só variações físicas (como formato e temperatura) mas também químicas, na própria composição da molécula.
Sensibilidade dos dedos e interpretação do cérebro
Quando você toca qualquer coisa, seus dedos mandam um sinal para o cérebro. Esse sinal só chega ao seu sistema nervoso por um intrincado conjunto de neurônios e nervos. Uma vez no cérebro, a sua massa cinzenta interpreta o que está acontecendo e manda um sinal de volta, indicando uma reação. Esse fenômeno, que recebe o nome de arco-reflexo, acontece em milissegundos e é involuntário.
Contudo, sabendo-se da diferenciação química do nosso tato, a engenharia de materiais pode ter um campo completamente novo de pesquisa. Charles Dhong, autor principal da pesquisa, afirma, por exemplo, que a partir desse conhecimento será possível criar texturas super-realistas para realidade virtual.
Dhong afirma, nesse sentido, que as possibilidades ainda não são bem claras. Contudo, a modelagem de materiais quimicamente para o tato deve criar novas tecnologias inovadoras explorando esse sentido, ao alcance dos dedos.
O artigo está disponível no periódico Soft Matter.