A prótese de dedo de três mil anos

Felipe Miranda
(Créditos da imagem: University of Basel / Matjaž Kačičnik)

Sim, aparentemente há mais de três mil anos já haviam inventado as próteses. Há cerca de duas décadas, pesquisadores que trabalhavam em uma tumba encontraram uma prótese de dedo egípcia. É a prótese mais antiga já descoberta.

A prótese é bastante requintada, com um ótimo acabamento, e pertenceu a uma mulher. Acredita-se que essa mulher fosse membro da elite, como filha de um alto sacerdote.

Ela foi encontrada em um cemitério chamado de Sheikh ‘Abd el-Qurna, a oeste da cidade de Luxor. São tumbas monumentais cortadas em pedra, do final do século XV aC, e foram construídas para atender uma parte da nobreza.

Mais recentemente, em 2017, os pesquisadores fizeram uma análise mais aprofundada da prótese, utilizando microscopia moderna, uma tecnologia que mescla raios-X e tomografia computadorizada.

O trabalho foi feito com a colaboração de cientistas de três universidades diferente: da Universidade de Basileia, da Universidade de Zurique – ambas na Suíça – e pesquisadores do Museu Egípcio, no Cairo.

A prótese

Foi criado um modelo 3D digital da prótese, extremamente detalhado. Os pesquisadores puderam averiguar o material e até mesmo que ela foi tirada e colocada diversas vezes para acertar o tamanho correto.

À CNN, Andrea Loprieno-Gnirs, da Universidade de Basileia, na Suíça, disse:

“Com base em nossos exames científicos, nossa equipe foi capaz de verificar pelo menos quatro materiais usados na fabricação do dispositivo protético. Também pudemos determinar duas fases de recolocação da prótese durante a vida e identificar sinais de uso mais prolongado”.

Não se sabe ainda, entretanto, se a dona utilizava a prótese para melhorar o equilíbrio e melhorar o andar e qualidade de vida, ou se tratava-se de uma questão puramente estética.

Outro detalhe vai para a sofisticação, que demonstra que havia um ótimo conhecimento técnico para a produção e conhecimento da anatomia humana, para a aparência e mobilidade – ele era até mesmo articulado.

“Pelo uso de uma maneira sofisticada de fixar as partes individuais da prótese, o membro artificial teve um efeito de equilíbrio e deu, em certa medida, uma liberdade de movimento”, disse Andrea à CNN.

A construção em madeira fazia com que a peça fosse robusta e duradoura, afinal, servia para andar. O revestimento em couro, no entanto, conferia ainda uma sensação de conforto.

Ao Smithsonian Magazine, Katherine Ott, do Museu Nacional de História Americana, disse:

“No geral, as próteses que imitam partes do corpo não funcionam tão bem. Elas geralmente são desajeitadas e cansativas. Mas talvez não fosse assim com o ‘Cairo Toe’ [dedo de Cairo]. Espero que essa prótese antiga seja tão funcional quanto bonita, fazendo com que o usuário se sentisse emocional e fisicamente mais íntegro”.

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