O Telescópio James Webb, ou JWT na sigla em inglês, é o sucessor do Telescópio Hubble, que mudou nossa percepção do espaço nas últimas três décadas. O observatório, avaliado em mais de US$ 10 bilhões, é consideravelmente maior, mais complexo e mais poderoso do que seu predecessor ou qualquer outro telescópio espacial já construído pela humanidade. E uma das coisas que chama a atenção em relação a ele é a distância que ele estará localizado.
Entendendo o Ponto de Lagrange (L2)
Os pontos de Lagrange são posições nas quais os campos de gravidade de dois corpos orbitando um ao outro fornecem a força centrípeta necessária para que esse ponto no espaço acompanhe simultaneamente o movimento orbital de ambos os corpos. Três desses pontos de Lagrange (L1, L2 e L3) estão localizados no eixo que liga os dois corpos, neste caso, o Sol e a Terra.
O ponto L2, aquele em que o JWT ficará, está localizado a cerca de 1,5 milhões de quilômetros da Terra na direção oposta à do Sol. O equilíbrio entre as forças gravitacionais do Sol e da Terra pode permitir que o Telescópio ‘estacione’ na mesma posição relativa sem gastar muita energia. Entretanto, esta não é a única razão: esta posição relativa permite que os equipamentos não superaqueçam.
Superaquecimento no espaço
O JWT é otimizado para sondar o universo em luz infravermelha (IR), comprimentos de onda longos que experimentamos como calor. Para captar os sinais infravermelhos mais fracos, os instrumentos científicos do observatório terão que permanecer a uma temperatura próxima a zero absoluto. Em termos práticos, a ideia é eliminar todas as outras formas de calor de modo a não interferir nas observações. Estas fontes de calor incluem o Sol, o sistema Terra-Lua e o próprio observatório.
Para se proteger do calor, o JWT deve implantar um escudo solar do tamanho aproximado de uma quadra de tênis. O ponto L2 permitirá que o telescópio permaneça alinhado com a Terra enquanto se move ao redor do Sol. Se tudo correr conforme o planejado, os instrumentos do telescópio funcionarão a cerca de 225 graus negativos. Enquanto isso, as temperaturas no ‘lado quente’ (onde estão localizados os painéis solares e a antena de comunicação, entre outras coisas) oscilarão em torno de 88°C.
“A diferença de temperatura entre os lados quente e frio do telescópio é enorme: você poderia quase ferver água no lado quente e congelar nitrogênio no lado frio”, de acordo com a NASA.
O James Webb ainda está viajando
A viagem até o ponto L2 leva aproximadamente 30 dias. Ele ainda tem alguns milhões de quilômetros para percorrer. Mas, uma vez instalado nesta órbita, o Telescópio James Webb começará uma batelada de exames, testando todos os seus equipamentos, antes de fazer as primeiras observações. O observatório se concentrará primariamente nas primeiras estrelas e galáxias do universo e buscará bioassinaturas na composição de várias atmosferas extraterrestres em busca de sinais de vida.