Por maior que seja a luta por comida na natureza, poucos animais comem carcaças de outros bichos mortos há tempo. Isso porque corpos em decomposição podem carregar toxinas e doenças que simplesmente não valem a refeição. Nesse sentido, alguns animais se fingem de mortos para evitar virar almoço. Vamos conhecer alguns exemplos.
Os gambás são alguns dos maiores falsários de suas mortes na natureza. Estes animais são uma família de marsupiais bastante diversos (e geralmente malcheirosos) que vivem em diversos pontos do planeta. Comumente chamado de raposa no Brasil, um gambá sofre um ataque de choque quando ameaçado. Assim, o animal entra num estado inconsciente durante até 4 horas.
Além de ficar com a respiração e batimentos cardíacos reduzidos, o gambá libera odores fétidos por glândulas anais. Com exceção de carniceiros – como abutres – poucos predadores enfrentam um almoço do tipo.
Diversas espécies de cobras, ainda, como a Heterodon platirhinos se fingem de mortas para evitar aves de rapina e outros predadores. Numa atuação quase cômica, essas cobras se viram de barriga para cima, com os olhos arregalados e a língua de fora. Algumas podem ademais exalar odores mórbidos, como os gambás.
Roedores em geral também se usam da tanatose (capacidade de fingir a morte) para fugir da morte. Algumas espécies o fazem de forma voluntária, enquanto outras têm reflexos incontroláveis, como o gambá que perde a consciência.
Alguns animais se fingem de mortos por outros motivos
A tanatose, apesar de ser um recurso arriscado, portanto, é bastante usada como recurso de sobrevivência. Não só isso, alguns animais podem usar esse mesmo recurso para caçar, ao invés de fugir de predadores. Mais bizarro ainda: alguns se fingem de mortos para se reproduzirem sem morrer.
Muitas espécies de aranhas e louva-a-deus frequentemente comem seus parceiros sexuais, literalmente. Após a cópula, a fêmea mata o macho e usa os nutrientes do corpo do parceiro para alimentar os filhotes. Como era de se esperar, alguns machos evoluíram saídas criativas para fugir de suas parceiras.
Acontece que o macho pode se fingir de morto para evitar ser comido pela fêmea. Além disso, alguns ainda podem prender as parceiras em teias – para o caso das aranhas – ou presentear a parceira com um inseto para mantê-la alimentada durante a reprodução.
O peixe ciclídeo-americano usa a tanatose não para sobreviver a suas parceiras ou fugir de caçadores, mas sim para caçar. Esse peixe da família das tilápias fica imóvel no leito do rio, como se acabasse de falecer. Quando algum pequeno peixe oportunista se aproxima para checar, o ciclídeo desfere um ataque rápido e certeiro.