Machos de aranhas amarram fêmeas para não serem devorados

Mateus Marchetto
Cientistas da República Tcheca observaram que os machos de T. fabricii amarram as parceiras antes da reprodução.(Imagem de Peter H por Pixabay)

Cientistas da República Tcheca descobriram que os machos de aranhas Thanatus fabricii amarram as fêmeas antes de acasalar. Os pesquisadores acreditam que essa é uma estratégia para evitar que as fêmeas os devorem após a reprodução. Isso porque o canibalismo entre os aracnídeos é, em geral, bastante comum.

O estudo publicado na revista Animal Behaviour mostra o comportamento das aranhas em laboratório. A espécie é natural de Israel, mas pode habitar diversas outras regiões próximas. Assim, o que os pesquisadores fizeram foi colocar um macho e uma fêmea juntos e observar o comportamento.

insects 3479732 1920
(Imagem de My life por Pixabay )

Vale ressaltar que as aranhas geralmente têm dimorfismo sexual. Ou seja, machos e fêmeas são claramente diferentes. Nesse caso, as fêmeas são muito maiores e mais fortes que o macho. Aliás, esse é um padrão da maioria das espécies de aranhas. Os pesquisadores então buscaram por características que mostrassem a fisiologia dos animais, como a produção de teia, tamanho das glândulas de veneno e também comportamento durante a reprodução.

Os resultados foram um tanto intrigantes. Os machos só acasalam se a fêmea estiver imobilizada por uma amarração de teias e também paralisada pelo veneno. Os cientistas acreditam que os machos fazem isso como uma estratégia de sobrevivência para não serem devorados após a reprodução. Isso aliás, é bastante comum na maioria de espécies de aracnídeos.

Como esses machos de aranhas amarram as fêmeas

A maioria das espécies de aranhas investe muito tempo e energia na reprodução. Os machos precisam, em geral, cortejar a fêmea por um longo período antes de se reproduzirem. Portanto, durante esse tempo, os machos ficam expostos a ataques de predadores. E das próprias parceiras também. Grande parte das fêmeas de diversas espécies de aranhas se alimentam do macho após a cópula para conseguir nutrientes para cuidar dos filhotes.

Assim, com as T. fabricii não seria diferente, não fosse pela estratégia dos machos. Esses aracnídeos atacam a fêmea o mais rápido possível, injetando veneno na parceira. Inclusive, os pesquisadores do estudo citado acima observara glândulas de veneno maiores nos machos. Isso pode indicar maior produção de toxina e também uma composição específica do veneno.

wasp spider 4447678 1920
(Imagem de Willfried Wende por Pixabay)

Portanto, fato é que os machos picam as fêmeas várias vezes durante a reprodução. Isso faz com que a aranha fique completamente imobilizada. Além do mais, eles amarram as pernas da parceira com fios de teia para evitar que ela se liberte.

À primeira vista isso pode parecer bizarro. Contudo, esse comportamento pode beneficiar muito a espécie. Isso porque caso o macho fosse morto após a primeira reprodução, ele não poderia – óbvio – gerar mais filhotes. No entanto, se o macho sobrevive, ele pode ainda fecundar outras fêmeas e aumentar o número da população de T. fabricii.

Essa estratégia, ademais, provavelmente foi desenvolvida ao longo de milhares de anos de seleção natural. Ou seja, os machos que não se precaviam acabaram sendo devorados, e deixaram descendentes apenas uma vez. Enquanto isso, os outros que imobilizavam a fêmea acabaram sobrevivendo e gerando mais descendentes em várias outras cópulas. Esses, portanto, aumentaram em número e deram origem à população atual dessas aranhas.

O artigo foi publicado no periódico Animal Behaviour.

Compartilhar