Pinguins-imperadores podem estar extintos até 2100, mostra pesquisa

Mateus Marchetto
Imagem: Siggy Nowak / Pixabay

Os ambientes polares são os mais ameaçados pelo aquecimento global. Estudos de 2020 já mostraram que os ursos polares podem acabar extintos até 2100, e agora uma nova pesquisa mostra que os pinguins podem seguir o mesmo caminho.

A pesquisa, publicada no periódico Global Change Biology mostra que 98% de todas as populações de pinguins imperadores do mundo estarão extintas até 2100. Isso, claro, se a tendência global de emissão de gases estufa continuar a mesma.

Ainda assim, os autores afirmam que o Acordo de Paris pode, de fato, salvar a vida dos pinguins-imperadores e outras centenas de espécies que correr risco de extinção. O acordo, vale lembrar, propõe uma aumento máximo de 1,5°C na temperatura global do planeta até 2100, comparado a níveis pré-industriais.

A pesquisa sugere também que os pinguins imperadores devam entrar no Endangered Species Act como espécies ameaçadas de extinção. Todavia, os pinguins-imperadores habitam o pólo-sul, sobretudo a Antártida. Ainda assim, de acordo com os autores, a mudança da classificação pode intensificar o controle do impacto ambiental dos EUA sobre os pinguins-imperadores.

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Imagem: Barbara Dougherty / Pixabay 

Esses animais dependem da cobertura de gelo para caçar, se reproduzir e se abrigar de predadores. Ademais, esta cobertura de gelo precisa ter uma dinâmica bastante estável e balanceada. Isso porque os penguins-imperadores mantêm seus filhotes em camadas mais grossas e extensas de gelo, além de caçarem e fugirem por blocos de gelo mais finos flutuando no oceano.

Gelo demais ou gelo de menos, portanto, podem bagunçar esse delicado equilíbrio do hábitat destes animais. Em 2016, por exemplo, a segunda maior colônia de pinguins-imperadores do mundo perdeu ao menos 10.000 filhotes devido ao derretimento precoce do gelo. A colônia, ressaltam os pesquisadores, ainda não se recuperou do desastre.

O horizonte de eventos da extinção dos pinguins-imperadores

Mesmo que uma espécie tenha, ainda, animais vivos, ela pode ser considerada extinta. Um limite chamado de limiar de quasi-extinção determina o ponto em que uma espécie não consegue mais se recuperar ecologicamente das suas perdas. Os pinguins-imperadores, portanto, podem cruzar este limiar em 2100.

Diversos eventos determinam a não-recuperação da população após este ponto. O principal deles, contudo, é a consanguinidade. Quando uma população de animais fica pequena demais, os seus genes começam a ficar muito parecidos, para dizer de forma bem simplificada.

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Imagem: jodeng / Pixabay

Isso causa, por exemplo, o aumento na incidência de doenças recessivas e a diminuição da geração de filhotes da população. Ao longo de pouco tempo, então, uma população muito consanguínea, pode acabar extinta.

O artigo está disponível no periódico Global Change Biology.

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