Muitos bebês, após os dois anos de idade, viram tagarelas, mesmo sem saber falar. Essa confusão de sílabas que os bebês humanos criam, na verdade, é uma parte essencial do aprendizado da linguagem. Acontece que pesquisadores descobriram que morcegos aprendem a vocalizar de forma bem parecida com a nossa.
De acordo com a pesquisa, publicada na Science, os filhotes de morcegos apresentam oito características primordiais que também aparecem em humanos, como a duplicação de sílabas, por exemplo. Basta ficar perto de um bebê alguns minutos para notar os sons clássicos de “da da da”, por exemplo.
Acontece que esse tipo de balbucio (do inglês, babbling), é essencial para o desenvolvimento dos músculos da lingua e da boca que vão criar a fala em seres humanos. Os filhotes de morcego estudados na pesquisa, da espécie Saccopteryx bilineata, podiam murmurar e balbuciar por até 40 minutos, independente do sexo.
As fêmeas, por sua vez, não vocalizam durante a vida adulta. Ainda assim os autores acreditam que elas aprendam a vocalização desde cedo para identificar parceiros em potencial.
Essa é, portanto, a primeira observação do tipo em mamíferos que não sejam primatas e especialistas acreditam que outras espécies de morcego podem ter a mesma característica. Apesar disso, diversas espécies de pássaros canoros têm comportamentos de balbucio quando filhotes, com função similar à da nossa espécie.
Importância da comunicação para morcegos e humanos
A linguagem é uma das bases da sociedade como a conhecemos. Diversas pesquisas mostram a importância desta característica para a evolução de nossa espécie e a comunicação em animais frequentemente mostra cérebros especialmente desenvolvidos. Por esse motivo é tão importante que bebês humanos desenvolvam habilidades de fala, mesmo que rudimentares, desde cedo.
Além da comunicação, os morcegos também usam o som para voar e caçar, uma vez que eles dependem de ecolocalização. Assim, o bom desenvolvimento vocal desde cedo influencia diretamente a sobrevivência dos filhotes. Ademais, os machos da espécie utilizam a vocalização como forma de corte durante períodos reprodutivos, assim como diversos pássaros.
Para realizar a pesquisa, inclusive, os pesquisadores gravaram 216 áudios de 20 filhotes diferentes em seus poleiros. Além dos sons até semelhantes a bebês humanos, os filhotes de morcegos aparentemente ouviam uns aos outros, movendo as orelhas enquanto outros vocalizavam.
“Um começa, ele murmura por em torno de 15 minutos, e eu consigo ver claramente as orelhas de outros filhotes movendo.” Afirma a Doutora Ahana Fernandez, autora principal da pesquisa.
A pesquisa está disponível no periódico Science.
