Pegadas mais antigas de hominídeos datam de 6 milhões de anos atrás

Letícia Silva Jordão
Imagem: Ahlberg, Uppsala

Os fósseis de antigos hominídeos são os materiais mais utilizados para ajudar a descobrir a árvore genealógica humana, porém a análise desses elementos pode não ser o suficiente, fazendo com que diferentes tipos de vestígios, como as pegadas mais antigas de hominídeos, sejam mais eficientes em fornecer pistas do passado.

Com isso em mente, em 2017 um grupo de pesquisadores da Idaho State University analisou mais de 50 pegadas de hominídeos que foram encontrados na praia de Trachiolos, que fica na ilha de Creta, na Grécia. Na época, acreditava-se que elas pertenciam a hominídeos que viveram aqui há mais de 5,7 milhões de anos, porém um novo estudo feito pela Universidade de Tubinga propõe que essas pegadas sejam mais antigas, datando cerca de 6,05 milhões de anos atrás.

Os pesquisadores acreditam que essas pegadas pertençam ao Graecopithecus freybergi, considerado o mais antigo ancestral direto dos seres humanos, que se estima ter vivido há 7,2 milhões de anos, logo após a nossa linhagem se separar dos chimpanzés.

Segundo a paleontóloga Madelaine Böhme, da Universidade de Tubinga e co-autora do estudo: “Não podemos descartar uma conexão entre o produto das faixas e o possível Graecopithecus freybergi pré-humano”.

Pegadas mais antigas de hominídeos foram analisadas pelas características dos pés

A partir da utilização de métodos paleomagnéticos e micro paleontológicos, a equipe analisou as amostras das pegadas mais antigas de hominídeos se concentrando nas características dos pés, pois elas se relacionam aos meios que os antigos utilizavam para se locomover.

Conforme fomos evoluindo, nossos pés sofreram alterações para que os seres humanos possam andar no solo de forma ereta e não mais se balançando em árvores.

Segundo a equipe de cientistas, a morfologia dos pés desses hominídeos inclui caracteres que são considerados exclusivos de hominídeos, como a presença de uma bola no antepé, um hálux robusto e não divergente, colocado ao lado do dígito II na margem distal da planta do pé, e dos dígitos II a IV se tornando mais curto com o passar do tempo.

Uma possível origem fora da África

Como dito anteriormente, as pegadas mais antigas de hominídeos foram encontradas pelos cientistas na Grécia e não na África. Isso acaba levantando questões e dúvidas que nos levam a crer que o desenvolvimento e evolução dos hominídeos até o dia de hoje não se deu no continente africano.

No artigo, os pesquisadores explicam que a história evolutiva e a forma que os hominídeos foram se espalhando pelo mundo, é uma questão que precisa ser debatida.

Mesmo que existam diversos artigos e publicações falando sobre a nossa origem na África, ainda existem evidências científicas de que os primeiros hominídeos podem ter se desenvolvido na Eurásia. Isso é fundamentado a partir da presença de evidências dos nossos ancestrais no Mioceno, na Europa, que possui fósseis de corpo entre outros vestígios de hominídeos.

Isso só nos mostra que, para descobrir e mapear a árvore genealógica dos seres humanos, ainda vai ser necessário muitos estudos e pesquisas para descobrir nossas reais origens.

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