Pegadas humanas encontradas têm mais de 10.000 anos

Amanda dos Santos
Essas pegadas foram encontrada no Novo México. (National Park Service)

Pegadas humanas de uma mulher ou adolescente pequena caminhando rapidamente foram descobertas na mesma paisagem em que animais gigantes vagavam.

Ao que tudo indica, essa pessoa segurava uma criança no colo e seus pés escorregavam na lama, enquanto se apressava por quase um quilômetro. Essa mulher possivelmente levava uma criança a um lugar seguro antes de voltar sozinha para casa.

Essas trilhas pré-históricas detalham um momento em que mamutes, preguiças e humanos se cruzaram.

Aliás, um novo artigo da revista Quaternary Science Reviews publicou a riqueza de detalhes dessa jornada que aconteceu há mais de 10.000 anos.

Pegadas fossilizadas

A evidência da viagem está nas pegadas fossilizadas e em mais evidências descobertas no Parque Nacional White Sands, do Novo México e em 2018, relata a estação de TV de Albuquerque, KRQE.

pegadas humanas
Pegadas de um adulto e de uma criança na superfície de uma praia no Parque Nacional White Sands. (National Park Service)

Perto do final do Pleistoceno – entre 11.550 e 13.000 anos atrás – humanos e animais deixaram centenas de milhares de rastros na lama, ao longo da costa do que já foi o Lago Otero.

O novo artigo investiga um conjunto específico de trilhas e observa os detalhes nas formas de pegadas que revelam o peso do viajante, que mudava conforme ele movia a criança.

É possível ver a evidência do transporte no formato das faixas, escrevem os coautores do estudo Matthew Robert Bennett e Sally Christine Reynolds, ambos da Bournemouth University, na Inglaterra.

Portanto, eles são mais largos devido à carga, mais variados na morfologia e, muitas vezes, com uma característica ‘forma de banana’ (causado pela rotação externa do pé).

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Em alguns pontos ao longo da jornada, as pegadas de criança também aparecem. Provavelmente no momento em que o andador colocou a criança para descansar ou ajustar sua posição.

História contada através das pegadas

reprodução das pegadas
Reprodução das pegadas nesta paisagem da era do gelo. (Karen Carr)

Durante a maior parte da viagem, a viajante mais velha carregou a criança em uma velocidade de cerca de 6,1 quilômetros por hora.

Ou seja, um ritmo impressionante considerando as condições lamacentas.

Bennett e Reynolds contam essa história através de cada faixa. Eles sabem onde aconteceu algum deslize e se outro trecho foi percorrido para evitar uma poça, por exemplo.

Sabem também dizer se o solo estava molhado e escorregadio de lama e que os viajantes caminhavam em alta velocidade, o que seria exaustivo.

E na viagem de volta, o adulto ou adolescente retornou sozinho pelo mesmo caminho. Provavelmente, o adulto levou a criança para um local seguro.

As pegadas fossilizadas também mostram que ao menos dois grandes animais cruzaram os rastros humanos. Preguiças deixaram impressões que sugerem que o animal sabia da existência de humanos por ali, por empinar as patas traseiras para farejar o possível perigo.

E um mamute também atravessou esses trilhos, porém sem dar sinais de ter notado a presença de humanos.

O Parque Nacional White Sands tem a maior coleção de rastros de humanos e animais da Idade do Gelo do mundo.

O artigo científico foi publicado no periódico Quaternary Science Reviews.

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