Fósseis encontrados na Indonésia pertencem a uma linhagem humana desaparecida

Mateus Marchetto
Imagem: Hasanuddin University / Nature 2021

A migração e a colonização de seres humanos na Oceania ainda é um dos aspectos mais curiosos da evolução humana. Agora, a partir do DNA de uma jovem de 18 anos de mais de 7.000 anos, pesquisadores podem entender melhor uma linhagem humana desaparecida.

Pesquisadores encontraram os restos da jovem em uma caverna na ilha de Sulawesi, ao leste de Bornéu. Na mesma caverna, aliás, pesquisas anteriores descobriram uma das pinturas mais antigas feitas em paredes de cavernas, retratando um porco selvagem. A pintura tem mais de 45.000 anos e ainda não se sabe se há relação com a nova ossada.

Acontece que esta jovem possuía em seu esqueleto pequenas quantidades de DNA preservadas no crânio. De acordo com os autores da pesquisa, publicada na revista Nature, isso é extremamente raro em regiões tropicais, onde o material genético se degrada mais rápido devido à temperatura e umidade.

Acontece que esse DNA indicou uma relação dos fósseis com uma linhagem humana desaparecida, possivelmente a cultura Tolean. Esse grupo de antigos humanos só acabou conhecido por alguns fósseis esparsos, e acredita-se que eles habitaram uma região bastante restrita em Sulawesi.

Os autores afirmam que os Toleanos (traduzido de Toleans, do inglês) desapareceram há milhares de anos, mas populações da Indonésia ainda podem ter seu DNA, conquanto isso não seja confirmado. Além do mais, junto aos restos mortais da jovem, pesquisadores encontraram pontas de flecha e ferramentas provavelmente Toleanas.

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Imagem: Time de pesquisa Leang Panninge

“Eles [os Toleanos] fizeram ferramentas de pedra altamente distintas (incluindo pontas de flechas minúsculas e bem trabalhadas conhecidas como ‘pontas de Maros’) que não são encontradas em nenhum outro lugar da ilha ou na Indonésia.”, afirma Adam Brumm, autor da pesquisa, à CNN.

Relação entra a linhagem desaparecida, Sapiens e Denisovanos

De acordo com a pesquisa, que realizou uma análise genética do DNA da ossada, a jovem possuía em torno de 2,2% de DNA denisovano. Esse último grupo, vale lembrar, foi uma espécie de hominídeos que apenas tem fósseis na Sibéria e no Tibet. Apesar disso, eles foram dominantes na Ásia entre 500.000 e 30.000 anos atrás.

Assim como os Neandertais, os Denisovanos tiveram contato com os Homo sapiens e provavelmente acabaram extintos pela nossa espécie.

A teoria da dupla de pesquisadores, contudo, é de que Sapiens, Toleanos e Denisovanos tiveram contato em Sulawesi e em outras regiões da Indonésia e Oceania. Acontece que os Homo sapiens frequentemente acasalaram-se com outros humanos, o que deixou uma marca genética nas populações de humanos até hoje.

O novo fóssil, todavia, pode ajudar no entendimento dos Toleanos, esta linhagem humana desaparecida e tímida nos registros fósseis.

A pesquisa está disponível no periódico Nature.

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